Lição de Rumba cantada e contada
Assumindooscabelosbrancosprópriosdos77anosque carrega,sammangwanaesteveemgrandenasduasnoites (sexta-feiraesábado)deconcertonoshowdomês,nacasa dasartes.ointernacionalmangwanaaproveitoupara contar,deformacantada,ahistóriadarumbacongolesa,a suavidaeoseupercursoartístico.demonstrandooseu amorà“pátriaquerida”escolheucomotemadeabertura “Cantosdeesperança”
Sam Mangwana recordou o tempo em que viveu em cidades como Yaoundé e
Douala, soltando o peculiar “Yé” para cantar “Ba na Cameron”. Na sequência das “aventuras” pelo continente, tirou a apreciada “Fatimata”, resultado dos nove anos vividos na Côte d’ivoire.
A música foi inspirada nas belas funcionárias do centro administrativo de Abidjan com salários modestos, mas vivendo como “princesinhas”, deslocando-se de táxi personalizado, viajando em classe executiva e hospedando-se em hotéis de topo. Ainda do convívio com os irmãos da África Ocidental e da apetência em experimentar várias línguas, em Bambara apresentou “Afogné”, um tema que aborda o casamento forçado.
É uma composição do guitarrista Kanté Mafilla, o principal parceiro musical de Salif Keita.
O artista falou do valor dos cabelos, assumiu ser um verdadeiro devorador de hábitos e costumes de outros povos e um “vagabundo cultural”. A música “Amor de Guatemala”, um Rumba à La Mangwana, “latinizado”,
que o “Internacional” canta em espanhol e lingala, realça o mais nobre dos sentimentos, o amor. Tudo começou em Los Angeles na companhia de Ricardo Lemvo, quando uma cidadã da Guatemala entrou na vida de Mangwana e fè-lo percorrer várias cidades da América Latina...
Músicas da consagração
Sam Mangwana, durante o concerto, lembrou a digressão por Angola em 1979, reflectida em “Georgette”, “Souzane Colibari” e “Maria Tebo”, músicas que mexeram com o continente. A histórica “Souzane Coulibari” é um sucesso pan-africano concebido em Abdijan, num andamento para competir com Prince Nico Marga e Sonny Okurson, os papões de venda da altura. É a história da infidelidade de Souzane.
O guitarrista Sankara saiuse bem, executando a malha de Lokassa ya Bombo, mestre do Soukouss e da Rumba Congolesa. Mangwana fechou a saga de 1979 com “Maria Tebo”, um dos principais sucessos da sua carreira. Ao contrário dos espectáculos históricos na Tourada e em Malanje, na Casa das Artes de Talatona a dança e a vibração mais espontânea ficaram condicionadas pelo formalismo do espaço.