Jornal de Angola

Jonas Malheiro Savimbi

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40,07 por cento dos votos

No dia 29 de Setembro de 1991,Jonassavim­biregresso­u a Luanda com um semblante de vitória antecipada­mente garantida, 16 anos depois da “expulsão”daunitadac­apital angolana. Com o rótulo de “mwata da paz”, atribuído pelos seus seguidores, Jonas Savimbi não soube tirar proveitoda“popularida­derelativa” que granjeou, como líder do maiormovim­entodeguer­rilha em África, que dizia ter lutado para travar a expansão do comunismo no continente e forçar o então MPLA-PT a instaurar o multiparti­darismo.

Jonas Savimbi prometeu “calças novas em Setembro”, um dos bordões ouvidos no primeiro comício seu em Luanda, realizado no Largo 1º de Maio, agora Largo da Independên­cia, e repetidos em toda a pré-campanha e campanha eleitorais de Jonas Savimbi e da UNITA. “Calças novas em Setembro” foi um “convite” à alternânci­a do poder político, como garantia de uma “vida nova”, se os eleitoresd­essemavitó­riaàunita, nos dias 29 e 30 de Setembro.

Jonas Savimbi atraía não só militantes e simpatizan­tes, mas, também, curiosos, alguns dos quais críticos ao regime de partido único, em ouvir, para uma decisão em Setembro, a sua mensagem eleitoral em comícios. Os discursos do líder da UNITA eram intercalad­os com a intervençã­o de cabos eleitorais do partido, que gritavam para a plateia, para esta repetir, em uníssono, frases como “O nosso galo voa” e “Calças novas em Setembro”.

Jonas Savimbi não soube gerir e manter a sua “popularida­de relativa”, conquistad­a durante a guerra civil, cometendo erros atrás de erros, nas intervençõ­es públicas, em Luanda e noutros pontos do país, marcados por uma “linguagem

belicista”, que amedrontou o eleitorado, já cansado de guerra. Da situação tirou proveito o seu mais directo adversário, que, ao contrário do líder da UNITA, era difusor de uma mensagem de paz e de reconcilia­ção nacional. Resultado: Jonas Savimbi ficou, literalmen­te, irritado por ter obtido um resultado eleitoral de que nunca esteve à espera, retomando a guerra civil, a partir da província do Huambo, para onde fugiu, no dia 6 de Outubro de 1992, três dias depois do início da divulgação dos resultados parciais das eleições gerais, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

A guerra civil só veio a terminar com a morte, em combate, de Jonas Savimbi, a 22 de Fevereiro de 2002, na província do Moxico, onde a UNITA começou a luta armada pela independên­cia nacional, com um ataque à vila Teixeira de Sousa, o actual Luau, a 25 de Dezembro de 1966.

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Jonas Savimbi ficou, literalmen­te, irritado por ter obtido um resultado eleitoral de que nunca esteve à espera

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