Ensino Superior, uma das principais marcas da revolução da Lunda-norte
Província tem registado crescimento nalguns sectores, mas entidades governamentais e munícipes reconhecem que muito ainda há por fazer para se alcançar o desejado desenvolvimento socioeconómico
A Lunda-nortecelebra, hoje, 44 anos de existência, desde a sua criação, em 1978, por via do Decreto Presidencial nº 86/78 de 4 Julho. Nesse período, a província registou vários progressos, mas, também, recuos, como reconhecem os dirigentes e munícipes.
Para este ano, o lema das comemorações é “LundaNorte, 44 Anos de Crescimento, Rumo ao Desenvolvimento”. Aliás, a população anda esperançosa pelo alcance do espelhado no tema escolhido para celebrar este ano as festas da província, como opinaram a maioria dos nossos interlocutores.
Na opinião dos lundas, o surgimento de instituições do Ensino Superior está entre os principais ganhos, se se ter em conta que, até finais da década de 90, a província tinha apenas quadros de nível médio.
Por falta de instituições do Ensino Superior, na altura, quem terminasse a formação média era obrigado a rumar para outras paragens em busca da continuidade dos estudos ou, na pior das hipóteses, interromper o ciclo formativo.
Esse cenário mudou completamente, com a inauguração, em 2004, da Escola Su
perior Pedagógica, que era uma unidade orgânica da Universidade Agostinho Neto.
O processo de formação de quadros superiores passou a ser feito localmente em distintas especialidades do curso de Pedagogia, designadamente, em Línguas Portuguesa, Francesa e Inglesa, Química, Física, Matemática, Biologia, Ensino Primário e Ensino Especial.
Com o projecto do Executivo de expansão do ensino superior, foi criada, em 2009,
a Universidade Lueji a Nkonde, com sede no Dundo, capital da Lunda-norte. Além da Escola Pedagógica, essa instituição universitária implantou, no ano 2011, as faculdades de Direito e Economia, no Dundo, e a Escola Superior Técnica, no município do Cuango, abrindo, assim, um leque de opções para a formação neste subsistema de ensino.
A funcionária pública Nicálcia Cassamuca, que está a finalizar o curso de Ensino Primário, na Escola Pedagógica do Dundo, considerou que esses feitos deram a possibilidade à juventude da Lunda-norte de prosseguir a formação académica sem necessidade de abandonar a família e a província.
“A chegada do ensino superior na Lunda-norte é uma das principais bandeiras ou marcas conquistadas pela governação a nível da região”, disse Nicálcia Cassamuca.
Para a jovem, o ensino superior revolucionou a dinâmica do crescimento e desenvolvimento da província, principalmente, no reforço da qualidade de quadros.
Em função disso, a funcionária do Tribunal de Co
marca do Chitato pediu o redobrar de esforços para que se aumente cada vez mais a diversidade de cursos na região. Mas, enquanto isso, reconheceu os inúmeros
benefícios que o ensino superior levou para a Lunda-norte, que passou a ser uma das principais praças académicas do país.
Manuela Muazemba, estudante do terceiro ano, na
Faculdade de Direito da Universidade Lueji a Nkonde, considerou que “o principal activo que uma sociedade pode ter é o seu capital humano”.
E nesta questão, realçou, a província tem estado a responder. Por isso, Manuela Muazemba sonha em ser advogada para dar o seu contributo no desenvolvimento da Lunda-norte, uma província que, na sua opinião, tem tudo para crescer mais e dar melhores condições de vida aos seus habitantes.
A jovem, natural do município do Lucapa, defendeu que a Lunda-norte não pode ser vista apenas a partir da cidade do Dundo, mas no seu todo, para que o desenvolvimento seja harmonioso.
“A nossa província cresceu bastante e o ensino superior acaba por ser uma das principais conquistas, mas esses ganhos devem ser espandidos para todas outras localidades da Lunda-norte”, apelou.
Para já, Manuela Muazemba pediu maiores investimentos no sector do Ensino Superior. Esse grito de socorro surge do facto de que, à excepção da Escola Pedagógica,
as outras unidades orgânicas da Universidade Lueji a Nkonde carecem de infraestruturas para continuarem a desenvolver as suas actividades em termos de formação de quadros.
As faculdades de Economia e Direito, no Dundo, assim como a Escola Técnica do Cuango ainda não têm instalações próprias ou infraestruturas que justifiquem a sua dimensão enquanto instituições desse nível de ensino, lamentou Manuela Muazemba.