O Centenário de Neto
Está em andamento um conjunto de acções, iniciativas políticas e culturais para celebrar o Centenário de António Agostinho Neto, o primeiro Presidente de Angola e Pai da Nação Angolana, cujo apogeu das comemorações se consuma a 17 de Setembro próximo, data em que, se vivo, completaria 100 anos de idade.
O estadista, cujo centenário se celebra este ano, deixou um legado de ensinamentos, visão panafricanista e universalista que, passados perto de meio século, continuam vivos e actuais no contexto em que nos encontramos. Há dias, o historiador Venceslau Casese, citado pela Angop, recordou toda a trajectória e versatilidade da personalidade do proclamador da Independência Nacional, em que podíamos particularizar e recordar a forma, ainda no maquis, Neto instava os mais novos a prosseguir a formação académica tendo em vista a Angola pós-colonial.
Segundo o historiador, a “visão clara, ampla e futurista sobre a libertação dos povos africanos” levou o Dr. António Agostinho Neto a proferir a célebre frase segundo a qual, na década de 70 do século XX, “no Zimbabwe, na Namíbia e na Africa do Sul está a continuação da nossa luta”. Essa visão, hoje num contexto diferente, aplica-se aos passos na direcção da liberalização da circulação de pessoas e bens, aos esforços de integração económica, que se consumam à medida que os Estados “limam” as arestas que persistem.
O primeiro Chefe de Estado de Angola era verdadeiramente um homem do povo, comprometido com os problemas das populações e decidido a resolver os desafios mais imediatos das colectividades, razão pela qual cunhou as axiomáticas palavras que viraram hino nestas mais de quatro décadas de Angola independente.
“O mais importante é resolver os problemas do povo” é um slogan intemporal que deve servir de mote a todas as pessoas investidas ou não de poder para mudar o curso dos acontecimentos económicos, sociais, culturais, etc.
Trata-se de uma palavra de ordem que, acreditamos nós, inspirou na busca das mais elevadas conquistas, como a paz, continua a inspirar no alcance e efectivação da reconciliação nacional, diálogo permanente e convívio na adversidade. E está ainda a inspirar a cada angolano, ali onde se encontre, a transformar Angola para um futuro melhor.
É verdade que os seus detractores preferem sempre, como era de esperar, apegar-se ao lado menos bom do seu consulado que, como bem tem feito o MPLA e o Executivo, liderado pelo Presidente João Lourenço, assumem abertamente e hoje mais do que nunca num quadro de reconciliação, de respeito ao direito à verdade e memória das famílias e à necessidade de seguirmos em frente. Vale lembrar que, em vida, o primeiro Presidente de Angola tinha reconhecido a dada altura os excessos daquele contexto difícil ligado aos acontecimentos do 27 de Maio, que, felizmente, hoje estão a ser geridos pelo partido e Governo no poder a contento de todas as partes.
Ao lado daquela realidade, que de nenhuma maneira mancha todo o legado do Dr. António Agostinho Neto, importa celebrar sempre os seus ensinamentos, a sua visão futurista, a forma como encarava o desenvolvimento e modernização de Angola, tendo a educação no centro.