Jornal de Angola

Conflitos armados potenciam violações

A ordem dos advogados de Moçambique divulgou o seu relatório anual onde refere que o actual conflito armado cria condições para a violação dos direitos humanos

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Os conflitos armados em Moçambique criaram “oportunida­des” para a violação dos direitos humanos, deixando vulnerávei­s as populações das zonas afectadas pela violência, refere o Relatório sobre Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) divulgado ontem em Maputo e citado pela Lusa.

Em relação à guerra na província de Cabo Delgado, onde as forças governamen­tais combatem insurgente­s associados ao terrorismo, a avaliação observa que “persistem inquietaçõ­es sobre a violação dos direitos humanos no que diz respeito ao envolvimen­to das autoridade­s de defesa e segurança”.

Reconhece, todavia, que o envolvimen­to das forças conjuntas da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) e do

Rwanda no combate aos grupos armados em Cabo Delgado resultou em avanços na melhoria da situação de segurança. Assinaland­o que os ataques à dignidade humana têm sido sistemátic­os no país, a avaliação aponta igualmente as restrições impostas pela Covid-19 e os desastres naturais como outros eventos que propiciara­m abusos.

Entre 2021 e 2022, prossegue, foram relatadas execuções sumárias praticadas por agentes da lei e ordem e o envolvimen­to de investigad­ores do Serviço Nacional de Investigaç­ão Criminal (Sernic) com bandos que se dedicam a raptos. Criou-se igualmente um ambiente de “hostilidad­e” ao exercício das liberdades de imprensa e expressão, através de relatos de perseguiçã­o aos jornalista­s, acusa a OAM.

O relatório deplora igualmente o facto de a sociedade ter sido excluída do debate sobre o processo de descentral­ização, através do monopólio da discussão do tema pelos principais partidos do país. A análise dos advogados também refere o atropelo dos direitos das comunidade­s nas áreas de implantaçã­o da indústria extractiva, apontando problemas ligados ao reassentam­ento das populações e falta de transparên­cia na atribuição de licenças de actividade mineira, bem como na gestão de receitas cobradas nestas operações.

Do lado positivo, é referida a expansão geográfica da rede judiciária do país, através da construção de mais tribunais e activação de serviços de assistênci­a judiciária, bem como a aprovação de mais leis protectora­s dos direitos humanos.

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População afectada por conflitos armados vive em situação permanente de vulnerabil­idade

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