António Guterres propõe aos mais ricos aumento de contribuições para os Países Menos Desenvolvidos
O Secretário-geral da ONU disse, no seu discurso, que a era das promessas sem limites deve chegar ao fim e dar lugar aos Países Menos Desenvolvidos
Nações Unidas, António Guterres, propôs ao G-20 um plano financeiro que preveja um aumento das contribuições para os Países Menos Desenvolvidos (PMD), avaliadas em 500 mil milhões de dólares anuais.
António Guterres prestou a informação ao discursar na 5ª Conferência de Doha, Qatar, e sublinhou: “Apresentamos ao G-20 o pacote de estímulos para reunirmos um número de necessidades e entregar pelo menos 500 mil milhões de dólares aos PMD”.
Para o Secretário-geral da ONU, é chegado o momento de os países cumprirem com a promessa de entregarem aos Menos Avançados (PMA) 0,15% ou 0,20% para contribuírem para o grande objectivo de garantir a alimentação nestes Estados.
Segundo o líder da organização mundial, é chegada também a altura de se expandir os esforços internacionais de combate ao branqueamento de capitais e outras actividades ilegais que esgotam os recursos dos PMA.
O Secretário-geral da ONU disse que os Países Menos Avançados precisam de uma revolução de apoio em vários sectores fundamentais, que passam em primeiro lugar pela assistência imediata para o resgate dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável que, para muitos, representa uma estratégia para erradicação da pobreza, garantia de alimentação e o direito à água limpa.
Os Menos Avançados precisam, igualmente, de financiamento e apoio para a transformação estrutural para investir nas capacidades de infra-estruturas, t ecnologia e melhores redes de infra-estruturas e transportes.
De acordo com Guterres, devem dar lugar às mulheres nas empresas, Governos e investir na educação e formação para gerar uma força laboral altamente capacitada e deste modo fortalecer as instituições.
O Programa de Acção de Doha, referiu, é um guia prático para fazer face a todas estas acções e apresenta alvos e resultados concretos.
Esta Cimeira de Doha configura uma oportunidade de mostrar o compromisso global para com os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável: “É uma oportunidade para os países, empresas e sociedade civil passarem das palavras às acções”.
António Guterres afirmou que a era das promessas sem limites deve chegar ao fim e dar lugar aos Países Menos Desenvolvidos. “Precisamos honrar os nossos compromissos de multiplicar por dois o financiamento de adaptação. Nos próximos cinco anos, devemos apoiar a criação do Sistema de Alerta para todo o mundo”, realçou.
Reafirmou, também, a promessa de entregar 100 mil milhões de dólares aos Países Menos Avançados para a reformulação da sua política financeira. Apelou ainda para a mobilização de apoio técnico para a transformação digital célere das economias Menos Desenvolvidas e manter vivo os seus objectivos.
Recordou ainda, nesta ordem de ideias, que 25 economias em desenvolvimento gastam 20 por cento do Orçamento Geral de Estado com a construção de escolas, quando deviam aplicar na alimentação do seu povo, na criação de oportunidades para as mulheres. “Ao invés disto, pagam dívidas”, lamentou.
Disse que os Países Menos Desenvolvidos estão a ficar perdidos em marés crescentes de crises, caos e mudanças climáticas. Com tudo isto, lamentou, não conseguem acompanhar a mudança tecnológica de forma célere.
Referiu que os sistemas são esticados até ao máximo da sua tolerância, sejam elas infra-estruturais ou de educação. O desemprego cresce, principalmente entre os jovens, e as mulheres são empurradas entre as margens.
Nesta cimeira, que termina na próxima quinta-feira, Angola participa com uma delegação de alto nível chefiada pela Vice-presidente da República, Esperança da Costa, em representação do Chefe de Estado, João Lourenço.