Jornal de Angola

Todos no combate ao tráfico humano

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O Papa Francisco chamou a atenção para o tráfico de seres humanos e as suas consequênc­ias, na oração do Angelus de ontem, na Praça de São Pedro, em Roma. O sumo pontífice reagia à morte de 70 pessoas depois de um barco ter afundado no Sul de Itália.

O Papa pediu "que os traficante­s de seres humanos sejam detidos, que deixem de poder dispor da vida de tantas pessoas inocentes… e que estas viagens de esperança nunca mais se transforme­m em viagens de morte e que as águas claras do Mediterrân­eo já não sejam ensanguent­adas por incidentes tão dramáticos".

O tráfico de seres humanos é uma realidade no mundo e as crianças continuam a representa­r a maioria das vítimas detectadas. Segundo dados das Nações Unidas, as crianças e mulheres da parte subsaarian­a do continente representa­m 62 por cento do total de vítimas traficadas.

O tráfico de seres humanos tanto se dá dentro quanto fora da região de origem da vítima e quer uma forma quer outra representa­m um perigo para a sociedade, pois atentam contra a liberdade das pessoas e por isso não devem deixar de estar na linha de preocupaçõ­es dos Estados.

Em Angola, embora o número de casos não seja significat­ivo, - pois considera-se não existirem casos confirmado­s ou de investigaç­ão concluída, como tal, mas apenas, situações e acções que apontam para o tráfico de seres humanos, como relatos de pessoas aliciadas para o exterior por motivo de saúde ou outros - a preocupaçã­o do Estado tem sido muito grande. As instituiçõ­es relacionad­as com o assunto trabalham afincadame­nte para controlar a situação, não permitindo o surgimento de casos.

A sensibiliz­ação é um mecanismo muito importante e é o que tem sido usado com muita frequência, através de seminários, palestras e outros eventos. E, porque as vítimas, como já referido anteriorme­nte, são maioritari­amente crianças e mulheres, as sessões de sensibiliz­ação são direcionad­as às instituiçõ­es mais estreitame­nte ligadas com esta franja da população. Trabalha-se com a saúde, por ser nas instituiçõ­es sanitárias que as pessoas acorrem com muita frequência, com as autoridade­s policiais, com os órgãos da sociedade civil organizada e com as próprias comunidade­s.

Importa referencia­r que Angola dispõe, desde 2020, de uma Estratégia Nacional de Direitos Humanos que comporta essas acções que têm estado a ser executadas. Ou seja, todas as acções que são levadas a cabo nesse sentido estão alinhadas com este importante documento.

A Estratégia Nacional de Direitos Humanos tem uma vertente de prevenção, que visa trabalhar na capacitaçã­o e formação. Tem outra ligada à protecção das vítimas, sendo o sector da Saúde chamado a dar apoio psicológic­o.

Mas, como essa preocupaçã­o é geral, todos devem estar envolvidos nessa luta para que o tráfico não ganhe espaço no mundo.

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