Sindicato convoca protesto
No sábado, cerca de 3 mil pessoas manifestaram-se contra o Governo da Tunísia, no sábado, numa acção de protesto organizada pelo sindicato UGTT, que pediu ao presidente Kaid Saied que aceite o "diálogo". Saied impulsionou mudanças radicais no sistema político do país, concentrando um poder quase total desde que congelou o Parlamento e demitiu o Governo em Julho de 2021.
Nas duas últimas semanas, a Polícia prendeu cerca de 20 figuras políticas, quase todas elas oponentes de Saied. "Liberdade, liberdade, abaixo o estado policial", gritavam os manifestantes, segundo a AFP, enquanto marchavam em Túnis pedindo também "um fim ao empobrecimento" no país. O líder da UGTT, Noureddine Taboubi, acusou o presidente de atacar o sindicato como parte de uma repressão mais ampla contra os críticos.
Taboubi condenou a última onda de detenções e a prisão desde Fevereiro de Anis Kaabi, um alto funcionário da UGTT. A UGTT tem cerca de um milhão de membros e dividiu o Prémio Nobel da Paz, em 2015, com outros três grupos da sociedade civil por promover o diálogo nacional no país de cerca de 12 milhões de habitantes. Na sua intervenção, Taboubi pediu a Saied que adopte formas de "diálogo" e "democráticas", criticando o Presidente por seguir um "discurso violento". O líder da UGTT defendeu ainda “os direitos dos migrantes, independentemente da nacionalidade ou da cor da pele”.
"A Tunísia é um país de tolerância, não ao racismo", disse ele à multidão. No mês passado, Saied ordenou que as autoridades tomassem "medidas urgentes" para combater a migração irregular, alegando sem provas que "uma conspiração criminosa" estava em andamento "para mudar a composição demográfica da Tunísia".
Taboubi também criticou as negociações entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Tunísia, que luta contra uma inflação debilitante e uma dívida no valor de cerca de 80% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Taboubi disse que a UGTT desconhece os "detalhes das propostas" feitas pelas autoridades tunisinas, mas sublinhou que o sindicato se opõe totalmente a qualquer abolição de subsídios governamentais a bens básicos como alimentos e combustíveis.