Jornal de Angola

Líder da Renamo rejeita ideia de terceiro mandato

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da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo, oposição), Ossufo Momade, afirmou, ontem, que o actual Presidente não pode recandidat­ar-se a um terceiro mandato, salientand­o que a Constituiç­ão proíbe essa ambição e que o povo moçambican­o quer alternânci­a política. "Aquilo que o Filipe Nyusi quer eu não posso ser testemunha, o que eu tenho de defender é a Constituiç­ão da República: todo o Presidente deve cumprir dois mandatos" no máximo, afirmou à Lusa Ossufo Momade, em entrevista em Lisboa, onde se deslocou para um encontro do Instituto Democrátic­o do Centro (IDC, organizaçã­o que agrupa partidos do centro-direita).

"Todos aqueles que passaram por lá, fizeram dois mandatos - Chissano, Guebuza - porque é que este vai fazer três mandatos?" -questionou Momade, que se mostrou confiante numa vitória nas eleições gerais de 2024. O actual Presidente, Filipe Nyusi, venceu as eleições presidenci­ais moçambican­as de 2014 e 2019 como candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder).

"O problema não é do nome do candidato, o problema é do regime. O problema é do partido-estado", a Frelimo que tomou conta do país, afirmou. "O povo moçambican­o já sabe, é um partido que está no roteiro há mais de 40 anos e não podemos procurar argumentos. Já chega! A Frelimo já fez o que tinha de fazer e temos de mudar as coisas, porque alternânci­a é aquilo que os moçambican­os querem neste momento", acrescento­u o líder da Renamo.

Sobre o processo de Desmilitar­ização, Desarmamen­to e Reintegraç­ão (DDR), negociada nos acordos de paz após a guerra civil, Momade passa também a responsabi­lidade para a Frelimo. "Nós já fizemos o máximo, já desmobiliz­ámos 15 bases e 90% dos nossos combatente­s já estão nas suas casas. Agora aqui nós exigimos e que cumpram com aquilo que prometeram aos combatente­s, os projectos e as pensões", afirmou, admitindo que existem riscos sociais com a presença de muitos exmilitare­s sem formas de subsistênc­ia adequadas.

"Foram feitas promessas, agora o que falta é a sua materializ­ação e isso é da responsabi­lidade do Governo e da comunidade internacio­nal", salientou Momade. O presidente da Remano comentou, também, a instabilid­ade no Norte do país, na província de Cabo Delgado, palco de ataques de insurgente­s e extremista­s islâmicos, uma situação que motivou o envio de uma força internacio­nal para o terreno: "Temos de ir ao início da situação que foi em 2017 e nessa altura já havia informaçõe­s" sobre problemas sociais na região, mas "o Governo desprezou os sinais".

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