“Angola está optimista na cooperação com o Japão no domínio Económico”
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Como avalia o estado das relações entre Angola e o Japão?
As relações entre os dois países são consideradas boas, tanto do ponto de vista político, como económico. Como é sabido, as nossas relações foram estabelecidas em Setembro de 1976, tendo Angola inaugurado a sua Embaixada em Tóquio, em Novembro de 2001, e, quatro anos depois, coube ao Japão abrir a sua Representação Diplomática em Luanda. O Japão procedeu, igualmente, à abertura do escritório da Agência de Cooperação Internacional JICA, em 2007, na capital angolana.
Em que áreas incide o volume de negócios entre os dois países?
As trocas comerciais de bens transaccionados entre Angola e o Japão representam um total de 108 milhões de dólares americanos (USD) em exportações e USD 489 milhões em importações, observados no período de 2020-2022, correspondendo a um saldo negativo da balança comercial de cerca de USD 380 milhões. Angola exporta essencialmente combustíveis (petróleo bruto, propano e butano) e, em contra-partida, importa veículos, auto peças e outros materiais de transporte. Importa ainda máquinas, aparelhos, plástico, borracha (pneumáticos, tubos de borracha), ferro e aço.
Ainda no quadro da cooperação bilateral. Já existe alguma data para a conclusão do acordo sobre a liberalização e promoção de investimentos entre os dois Estados?
Ainda não existe uma data para a conclusão deste importante Acordo, mas posso assegurar que os Ministérios das Relações Exteriores de Angola e dos Negócios Estrangeiros do Japão estão a trabalhar afincadamente
para o término do mesmo muito proximamente. Faltam pequenos detalhes, principalmente em alguns anexos, para se fechar o documento. Estamos optimistas para consolidar a cooperação económica.
A diversificação da economia é uma das bandeiras do Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço. Em que sectores o Governo e os empresários japoneses têm demonstrado mais interesse?
Os empresários japoneses manifestam grande interesse no sectores da Agricultura, Energia e Águas, Transportes, Minas, Petróleo e Gás.
Quanto à Desminagem?
O Japão tem sido um dos poucos países que abraçou esta questão como se fosse sua. Este processo caminha muito bem. Recentemente, foi assinado mais um acordo para assistência não reembolsável no domínio da Desminagem, no valor aproximado de 2,3 milhões de dólares norteamericanos.este esforço do Japão tem como objectivo ajudar Angola a livrar-se das
minas anti-pessoais até 2025, com impacto na diversificação económica e na segurança das pessoas.desde 1990, o Japão já implementou cerca de 74 projectos, em várias áreas, com o objectivo de beneficiar directamente as comunidades locais, através do regime de base para o Governo de Angola.
Sobre a cooperação no domínio da Formação de Quadros. Tem uma estimativa do número de angolanos que estudam no Japão?
A comunidade angolana no Japão é constituída por 59 cidadãos, distribuídos pelas categorias diplomática, residente e estudantil. A classe diplomática conta com 19 pessoas. A maior parte dos estudantes são bolseiros dos Ministérios da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia. Há outros que estudam pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), freq uentando c urs o s de pós-graduação, mestrados e doutoramentos. De salientar que os cidadãos trabalhadores foram no passado bolseiros que optaram em permanecer
no Japão. Há inclusive um cidadão que é professor na disciplina de Matemática e outros constituíram família e estão inseridos no mercado de trabalho. Regra geral, há uma excelente coabitação entre os membros do corpo diplomático e da comunidade, muito por conta das várias iniciativas de inclusão dos mesmos nas diversas actividades que são realizadas na Embaixada e na residência oficial. Existe um Consulado Honorário aberto em 2021 que funciona na Prefeitura de Nagoya, cujo cônsul é o senhor Ichiro Kashitani, também presidente da Toyota Tsusho Corporation.
Pode-nos adiantar quais são as especialidades mais frequentadas pelos estudantes angolanos?
A maior parte dos bolseiros frequenta os cursos de Ciências Exactas, Tecnologias de Comunicação e de Informação. Um dos factores pelos quais o número de bolseiros é reduzido deve-se a uma débil formação dos estudantes no ensino de base e médio, relativamente às Ciências
Exactas e à língua inglesa. Esse aspecto acontece especialmente quando confrontados no primeiro teste de admissão que é realizado na Embaixada do Japão em Luanda, sendo logo eliminados.
O que Angola pode esperar mais do Governo do Japão em termos de cooperação bilateral?
Angola espera e deseja um apoio maior e mais concreto nos domínios Económico, Financeiro, bem como nos sectores da Indústria e da Manufaturação. O campo é bastante vasto, porque as empresas j aponesas têm muita qualidade e são muito competentes. Como nota final gostaria de frisar que neste momento o Japão implementa vários projectos nos sectores da Educação, Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, da Geologia e Minas, das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, da Agricultura, Transportes e Saúde, com maior realce para a requalificação da Baía do Namibe e portos comercial e mineiro de Sacomar.