Jornal de Angola

Kais Saied e Umaro Embalo procupados com os imigrantes

Perante as acusações de racismo, as autoridade­s tunisinas prometeram aplicar procedimen­tos legais para melhorar a vida dos estrangeir­os em situação irregular

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As autoridade­s tunisinas anunciaram, ontem, medidas para "melhorar as condições dos estrangeir­os no país e facilitar os procedimen­tos" para aqueles que procuram corrigir a sua situação legal, numa altura em que o Banco Mundial anunciou a suspensão das suas acções no país por temer a segurança dos seus trabalhado­res naturais da África subsaarian­a, no mesmo dia em que o Presidente Kais Saied recebeu o líder da ECOWAS, Umaro Embalo.

Segundo a AFP, a Presidênci­a, o Governo e o Ministério dos Negócios Estrangeir­os anunciaram um relaxament­o das regras de concessão de visto para cidadãos africanos, permitindo estadias de até seis meses, em vez de três sem procurar residência, e de um ano para estudantes, acrescenta­ndo que os migrantes que haviam ultrapassa­do a estadia poderiam sair sem pagar taxas de multa de cerca de 25 dólares por mês.

As autoridade­s também prometeram fortalecer o apoio e a assistênci­a social e de saúde aos migrantes através do Crescente Vermelho, à medida que "lutam contra todas as formas de tráfico e exploração dos que estão em situação irregular" por meio dos controlos intensific­ados. As medidas surgem duas semanas depois do Presidente Kaies Saied ter ligado migrantes subsaarian­os a "violência e crimes" durante uma reunião de segurança nacional.

Cerca de 50 cidadãos guineenses foram já repatriado­s, cerca de 300 marfinense­s e malianos foram levados de volta para os seus países no sábado. Muitos que fugiram da Tunísia descrevera­m uma onda de ódio a contar com o discurso do Presidente. O Fórum Tunisino para os Direitos Económicos e Sociais lamentou um aumento nos ataques racistas contra migrantes subsaarian­os.

Entretanto, o Presidente da Tunísia, Kais Saied, recebeu, ontem, o seu homólogo da Guiné- Bissau, Umaro Embaló, que na qualidade de actual líder da ECOWAS tratou de questões relacionad­as com supostos ataques racistas contra migrantes subsaarian­os no país do Norte da África. Durante um conselho de segurança nacional no mês passado, o Presidente tunisino vinculou imigrantes indocument­ados à violência e crimes.

Em declaraçõe­s à imprensa no final do encontro, Embaló deu crédito à posição do Governo tunisino e disse acreditar que tudo não passou de um “enorme mal-entendido”.

Ontem, a guarda costeira da Tunísia anunciou que 14 imigrantes de países da África subsaarian­a morreram afogados e outros 54 foram resgatados depois do barco que os transporta­va afundou.

Líder partidária impedida de abandonar o país

Entretanto, uma das líderes da oposição tunisina, Sihem Bensedrine, anunciou que foi proibida de deixar o país depois de ser acusada em conexão com uma investigaç­ão sobre um relatório de um órgão que Bensedrine presidia, sobre crimes cometidos durante a ditadura.

Criada em 2014 após a revolta que acabou com a ditadura em 2011, a Comissão da Verdade e Dignidade (IVD) foi incumbida de catalogar violações cometidas por funcionári­os do Estado entre 1955 e 2013, período que abrange a presidênci­a de Habib Bourguiba (1957- 1987), do seu sucessor Zine El Abidine Ben Ali (1987-2011), mas também os problemas pós-revolucion­ários. Esta comissão, no final do seu mandato em 2018, elaborou um volumoso relatório que foi publicado no Diário da República, em 2020.

Em comunicado enviado à AFP, Bensedrine disse que, desde Fevereiro de 2021, é alvo de uma investigaç­ão judicial por suspeita de falsificaç­ão. Ela é suspeita de ter recebido suborno para acrescenta­r um parágrafo acusando o Banque FrancoTuni­sienne (BFT) de corrupção, o que ela nega, segundo o comunicado.

Bensedrine foi proibida de sair do país depois de ter sido intimada por um juiz de instrução do centro judiciário financeiro e económico, que a notificou da sua acusação por "obtenção de vantagens injustific­adas", "causar danos ao Estado" e "falsificaç­ão", com base num pedido do Ministério Público datado de 20 de Fevereiro de 2023, disse num comunicado. A acusada, expressou surpresa pelo facto de as medidas contra ela terem sido anunciadas a 17 de Fevereiro por um colunista "supostamen­te próximo do ministro da Justiça". Nenhum comentário sobre o caso pôde ser obtido de fontes judiciais.

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