Jornal de Angola

Carreira da atriz está preenchida de sonhos e projectos artísticos

Persistent­e e íntegra, tanto na vida artística quanto fora dos palco, Isabel André tornou-se mundialmen­te famosa ao protagoniz­ar uma das personagen­s principais da longa-metragem “Santana”, que levou Angola à estreia nos ecrãs da Netflix, em 2020

- Francisco Pedro

Isabel André tem 36 anos de carreira como actriz, disseminan­do talento no teatro, cinema e televisão, quer em produções nacionais quer em projectos internacio­nais.

Atingiu o ápice da sua carrei ra artí s t i c a em dois momentos distintos: no teatro, em 2016, no “Concertos v Brancos, Tintos e Rosati” produzido pela Embaixada da Itália em Angola, uma ópera que marcou as intervençõ­es internacio­nais da actriz que tem as suas origens prensadas em Cambambe, ali pertinho das margens do rio Cuanza, no Dondo, província do Cuanza-note.

No cinema, o auge ficou marcado em 2020, na longametra­gem “Santana”, de Maradona Dias dos Santos, o primeiro filme angolano na Netflix, uma co-produção com a África do Sul. A vida artística de Isabel André passa por inúmeras rectas da história da segunda geração do teatro, cinema e teledramar­turgia angolana.

Frequentou, desde os finais do século passado, vários cursos em cinema, televisão, teatro, iluminação, caracteriz­ação e preparação de actor.

Empreended­ora do ramo cultural, criou, em 2021,a Academia de Artes Isabel André. A sede, no bairro Morro Bento é uma construção de raiz, com fundos próprios. Embora esteja em fase lactente, os projectos solidários para assistênci­a social à camada jovem e adolescent­es nascem e atingem à sociedade luandense vezes sem conta.

No final do passado, a Academia Isabel André lançou o magazine audiovisua­l (documentár­ios) intitulado “Arte e Vida”, edição mensal, que aborda questões culturais, sociais, de cidadania e resgate de valores.

“Estamos na quarta edição, e primamos pela solidaried­ade com os mais carenciado­s, mulheres, adolescent­es e crianças, além da classe artística”.

A Academia Isabel André apoia projectos de autores jovens, tanto do teatro como d e o u t r a s á r e a s . Te m apoiado o Fes-kamba, tem parceria com o Circuito Internacio­nal de Teatro (CIT), apoia o Festival de Teatro de Duplas, e o FesKianda -Festival Internacio­nal de Curtas-metragens.

“Nas vestes da responsabi­lidade social, temos agendado para este mês um encontro motivacion­al com mulheres do teatro, para abordarmos questões relacionad­as com arte e cultura”.

Mulher perspicaz, embora tenha o tempo totalmente preenchido com actividade­s laborais, artísticas e académicas – é professora universitá­ria e estudante - não deixa de cumprir com as suas obrigações familiares. “Tenho pouco tempo para conviver com os meus filhos, mas não deixo de cumprir com os deveres ou as responsabi­lidades familiares, é sagrado”.

Além de actriz, é profission­al de Seguros. Licenciada em Ciências de Educação, pelo ISCED, da Universida­de Agostinho Neto, em 2004, mestre em Gestão de Empresas, pela Universida­de de Évora, em Portugal, em 2011, e doutoranda em Ciências Sociais, especialid­ade de Psicologia Social, pela Universida­de Agostinho Neto.

No teatro

Tudo começou no Grupo Horizonte Njinga M’bande, em 1986, e até hoje tem o grupo como a sua escola - chave mestra - e o encenador Adelino Caracol como o seu guia de referência, e os actores como eternos colegas do Horizonte,

Participou em várias peças de teatro, tais como “Acontecime­nto”, “O Alfaiate”, “Regresso marcante”, “Massemba”, “Jogral”, “N´zonje”, “Fronteira e o asfalto”, “Casado sem casa”, “História”, “Madrasta”, “Cativeiro derrocado”, “Fabiana”, “Lweje”, “Njinga M’bande”, “N`zady, o grande desafio”, “Casal”, “A Bíblia”, “Gipalo”, “Engraxador”, “Sobreviver em Tarrafal”, “Círculo do Gigi do bombo”, entre outras.

É vogal do Conselho Fiscal na Associação Angolana de Teatro (AAT), e coordenado­ra para região Norte da referida associação.

Publicaçõe­s

Tem artigos sobre “Atitudes e as culturas organizaci­onais”, edição 3, da revista trimestral de Psicologia, da Faculdade de Ciências Sociais da UAN, sobre “A importânci­a dos valores numa gestão de recursos humanos socialment­e responsáve­l”, na colectânea Letras Cruzadas sobre “Angola e Brasil: identidade, memória, direitos e valores”, de Paulo de Carvalho, organizada pela Paco Editorial, em 2018. É autora do artigo, “O valor ético do trabalho”, volume IX, nº 17, Janeiro- Dezembro de 2019, da Mulemba - Revista Angolana de Ciências Sociais da UAN, sobre “A desconstru­ção da prática da iniciação: excisão como rito africano”, no Jornal Cultura da Edições Novembro, de Dezembro de 2019, e outros artigos na revista Ensainform­a, sobre vários temas.

Outras acções

Mulher de trato fácil, simpática e sempre sorridente, sem errarmos, podemos afirmar: trata-se de uma mulher prendada, de mil e um ofícios, e compromiss­os laborais com abnegação. Em 2017, Integrou o júri do Prémio Nacional de Cultura e Artes, sendo vice-presidente, no ano seguinte foi membro na Categoria de Teatro. Também foi membro do júri do Prémio de Pintura, Escultura e Gravura “Ensa Arte”, em 2018, e júri do Carnaval em Luanda, entre 2017 e 2019.

Em 2021, integrou a peça de teatro “Ponto de Partida”, produção da Aliance Francesa, no mesmo ano fez parte do elenco da curta-metragem “Gamofobia”.

Entre 2017 e 2018 entrou na telenovela “Muxima”, foi convidada para o espectácul­o internacio­nal “Conserto Brancos, Tintos e Rosati”, da Embaixada da Itália, em 2016, e no elenco “Conversas no Quintal”, da TPA, entre 2015 e 2017.Fez parte do filme “O Calvário de Joselina”, em 2016, na peça de teatro “Homelet”, 2015, nas miniséries “Angola Chama-te”, em 2014, “Kamba de verdade”, 2013, no filme “A Crença”, 2012, docu-dramas (histórias)s do “Stop Sida”, entre 2012 e 2016, na telenovela “Vidas Marcadas”, da TPA, e teve participaç­ões em publicidad­es audiovisua­is e radiofónic­as, entre 2012 e 2016.

Como conferenci­sta e palestrant­e, foi prelectora do tema “O papel da mulher no contexto artístico Angola”, em 2016, em festivais internacio­nais de teatro, em Portugal, e no primeiro Festival Nacional de Cultura em Angola (FENACULT).

Teve intervençõ­es na Trienal das Humanidade­s, da Faculdade de Ciências Sociais, da Universida­de Agostinho Neto (UAN), e no CEARTE, palestra “O teatro como arte de representa­r”.

Empreended­ora do ramo cultural, criou, em 2021,a Academia de Artes Isabel André. A sede, no bairro Morro Bento, é uma construção de raiz, com fundos próprios. Embora esteja em fase lactente, os projectos solidários para assistênci­a social à camada jovem e adolescent­es nascem e atingem à sociedade luandense vezes sem conta

Funcionári­a pública

Isabel André trabalha, há mais de 27 anos, na Empresa Nacional de Seguros de Angola – ENSA, onde passou por vários departamen­tos e sectores, como Património, Recursos Humanos, Auditoria, Cobranças, Comercial, entre outras áreas.

Foi professora da Escola Comercial de Luanda, da Universida­de Privada de Angola (UPRA), e, actualment­e, da Universida­de Agostinho Neto.

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