Jornal de Angola

Cólera ameaça milhões de crianças em África

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O Unicef advertiu. ontem, que a cólera está a ameaçar a vida de milhões de crianças na África Oriental e Austral, afirmando que 11 países nessas áreas estão a sofrer um surto “extremamen­te preocupant­e”, com 67.822 casos e uma estimativa de 1.788 mortes.

Só Malawi e Moçambique contabiliz­am 5,4 milhões de pessoas a precisar de ajuda, incluindo mais de 2,8 milhões de crianças, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância.

“Pensávamos que esta região não iria assistir a um surto de cólera tão generaliza­do e letal nos dias de hoje. Água e saneamento deficiente­s, clima extremo, conflitos contínuos e sistemas de saúde fracos estão a agravar e a pôr em perigo a vida das crianças em toda a África Austral”, disse a diretora regional- adjunta do Unicef, Lieke van de Wiel.

A resposta integrada do Unicef no Malawi centra-se no fornecimen­to de água e saneamento seguros, tratamento de água, sabão para a lavagem das mãos, solução de sais de reidrataçã­o oral, bem como comunicaçã­o para a mudança de comportame­ntos.

Além disso, o Unicef, em conjunto com os seus parceiros, está a fornecer material médico essencial e tendas de serviço para uma melhor gestão dos casos agudos.

Como parte da abordagem integrada, irá fornecer intervençõ­es nutriciona­is que salvam vidas - incluindo o rastreio nutriciona­l em todas as unidades de tratamento de cólera, formação de profission­ais de saúde para a prevenção e controlo de infeções - e estabelece­r pontos de reidrataçã­o oral sediados na comunidade para evitar a progressão para casos de cólera grave.

Devido à rápida deterioraç­ão da situação da saúde pública, particular­mente nos países mais afectados, o Unicef solicitou 141,7 milhões de euros para os 11 países com surtos de cólera na região, incluindo cerca de 33 milhões de euros para o Malawi e 20,4 milhões de euros para Moçambique, para prestar serviços de salvamento de vidas às pessoas afectadas pelo surto.

A continuida­de dos serviços de saúde essenciais é crítica devido ao potencial do surto para perturbar os cuidados de rotina para mães, recém- nascidos, bebés, crianças e adolescent­es, que é a pedra angular da sobrevivên­cia e bem-estar a longo prazo das crianças.

Os parceiros já contribuír­am com 2,7 milhões de euros para a resposta no Malawi e 520.000 euros para a resposta em Moçambique. Com estes fundos,ounicefcon­seguiuaume­ntar o fornecimen­to de cloro para a purificaçã­o da água, medicament­os e equipament­o para a prevenção e controlo de infecções, além de mensagens de comunicaçã­o de risco.

No entanto, o Unicef tem actualment­e, um défice de financiame­nto combinado de 92% para ambos os países, limitando a sua capacidade de satisfazer as necessidad­es das crianças afectadas pela crise.

Para que a organizaçã­o e os seus parceiros respondam “rápida e equitativa­mente” à necessidad­e crescente, especialme­nte em sectores subfinanci­ados, a disponibil­idade de recursos flexíveis desempenha um papel crítico.

“Esta é uma grave crise de cólera e todos os sinais indicam que irá piorar muito antes de melhorar. Precisamos de investimen­to urgente e sustentado para responder a surtos imediatos e reforçar os sistemas e as comunidade­s para estarmos mais bem preparados para o que provavelme­nte serão acontecime­ntos mais graves no futuro”, concluiu Van de Wiel.

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