Presidente do Benin defende grupo Wagner
O recurso de certos Estados africanos a um grupo paramilitar como o russo Wagner “não é repreensível em princípio”, a menos que a sua missão não seja “puramente de segurança”, estimou ontem o Presidente do Benin, Patrice Talon, no canal francês LCI. “A noção de usar um prestador de serviço militar privado não é nova. Vimos isso no Afeganistão” com os americanos, declarou durante uma entrevista, julgando que “esse princípio não é condenável”. Por outro lado, “se o grupo Wagner intervém e não presta um serviço de segurança puro, e que deve servir para abusos, é repreensível e deve ser condenado”, disse.
Wagner, um grupo paramilitar fundado em 2014, estabeleceu- se na República Centro-africana a convite do Presidente Faustin Archange Touadéra para acabar com uma rebelião. De acordo com a França, os seus mercenários também foram recrutados pela junta no poder no Mali, embora Bamako o negue. Os Estados Unidos, que vêm tentando há vários anos frustrar a influência russaemáfrica,acusamogrupo Wagner de “cometer violações dosdireitoshumanoseextorquir recursos naturais na África”. O grupo também se estabeleceu como um actor importante no conflito na Ucrânia.
“Esta guerra é lamentável”, comentou o Presidente beninense. “A Rússia é um velho amigo do Benin, mas não é porque somos amigos que devemos nos abster de condenar o que a Rússia está a fazer na Ucrânia”, acrescentou. “A causa é justa? Não é o debate”, continuou, mas “se banalizarmos esse facto, seria uma forma de promover o uso da força para resolver conflitos internacionais”.
Convidado a comentar o desejo do Presidente francês, Emmanuel Macron, de reinventar as relações entre a antiga potência colonial e os países africanos, Talon considerou que “ainda há muitas fantasias” na opinião pública africana e que “a actual viagem do Presidente Macron a África é boa porque esclarece um pouco as coisas”.
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