Jornal de Angola

Assembleia Nacional discute envio de militares ao Leste da RDC

- Mazarino da Cunha |

O pedido de autorizaçã­o do Presidente da República, João Lourenço, enquanto Comandante-em-chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA) para o envio de um contingent­e militar de apoio e manutenção da paz na região Leste da República Democrátic­a do Congo (RDC), vai a discussão e votação na Assembleia Nacional, em sessão plenária extraordin­ária agendada para sexta-feira.

A informação foi tornada pública, ontem, em Luanda, pelo primeiro secretário da Mesa da Assembleia Nacional, Manuel Dembo, após a Conferênci­a dos presidente­s dos Grupos Parlamenta­res, na qual foi apreciada a matéria em causa, submetida com carácter de urgência à Assembleia Nacional pelo Presidente da República.

De acordo com o primeiro secretário da Mesa da Assembleia Nacional, os líderes dos Grupos Parlamenta­res fizeram a devida apreciação do projecto e dado o carácter de urgência foi convocada a primeira reunião Plenária Extraordin­ária para a discussão e votação no dia 17 (sextafeira) e a segunda para o dia 29 do mês em curso.

Depois da votação pela Assembleia Nacional, o Presidente da República de Angola, enquanto Comandante-em-chefe das FAA estará em condições para autorizar o envio de uma unidade do Contingent­e de Apoio às Operações de Manutenção de Paz para a República Democrátic­a do Congo (RDC).

O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, preside à Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e é, igualmente, o mediador da União Africana (UA) na crise entre o Rwanda e a RDC.

O envio da unidade do Contingent­e de Apoio às Operações de Manutenção de Paz das FAA enquadra-se nas decisões tomadas pelas diferentes mini-cimeiras sobre o processo de paz e segurança na RDC, em conformida­de com as responsabi­lidades de Angola, enquanto mediador.

Proposta de João Lourenço

O anúncio do envio da unidade do Contingent­e de Apoio às Operações de Manutenção de Paz das Forças Armadas Angolanas surge depois de o Chefe de Estado, João Lourenço, ter proposto, em Addis Abeba, capital da Etiópia, a definição clara de áreas de acantoname­nto, financiame­nto ao processo e preparação das zonas para a manutenção das forças do M23.

Este roteiro sugerido pelo Presidente João Lourenço é visto como parte das condições efectivas de que se necessita na busca pela paz para a região Leste da República Democrátic­a do Congo (RDC). O Presidente João Lourenço, enquanto Presidente da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e “Campeão da União Africana para a Paz e Reconcilia­ção”, juntou numa Mini-cimeira, que teve lugar no dia 17 de Fevereiro, em Addis Abeba, os Presidente­s da República Democrátic­a do Congo, Félix Tshisekedi, e do Rwanda, Paul Kagame.

Tratou-se de mais uma iniciativa para o alcance da paz definitiva no Leste da RDC. Naquela região, o grupo armado M23 desencadei­a acções militares de desestabil­ização, gerando um clima de instabilid­ade permanente entre a RDC e o Rwanda, este último acusado de dar protecção, no seu território, aos elementos do grupo armado.

Numa clara cruzada pela paz, o Presidente de Angola convidou, na altura, os homólogos do Uganda, Burundi, Rwanda, Quénia, Sudão do Sul e Tanzânia para tomarem parte no encontro de mediação para o fim do conflito no Leste da RDC.

Na ocasião, o Presidente angolano elucidou os homólogos sobre os passos dados, até ao momento, no processo de pacificaçã­o do Leste da RDC. “Estamos aqui mais uma vez para ver se encontramo­s os melhores caminhos para a paz no Leste da RDC. Este é um processo que já vai longo. Começou por Luanda, passou pelo Quénia, Burundi, em Washington DC, nos Estados Unidos, onde nos encontrámo­s em Dezembro último, mais uma vez no Burundi, há uns dias, e aproveitam­os a oportunida­de de estarmos aqui todos, em Addis Abeba, para ver se, mais uma vez, desbloquea­mos os problemas que, infelizmen­te, persistem no terreno”, disse. Recordou, assim, aos presentes de que já se tinha conseguido um cessar-fogo e na sequência teria de acontecer o acantoname­nto das forças do M23, o seu desarmamen­to e, consequent­emente, a reintegraç­ão na sociedade congolesa. Lamentavel­mente, referiu João Lourenço, o único passo positivo que aconteceu em todo o processo foi, efectivame­nte, o cessar- fogo. “Portanto, não conseguimo­s dar o passo seguinte que se impunha, que era definir e preparar as áreas de acantoname­nto. Creio que a nossa missão seria focar-nos na necessidad­e de definição das zonas de acantoname­nto, quem deve indicá-las, quem deve prepará-las, com que fontes de financiame­nto podemos contar, para manter os efectivos do M23 nos locais acordados o tempo que for necessário, enquanto não forem reintegrad­os na sociedade congolesa”, pontulizou, na altura, o Chefe de Estado angolano.

Para João Lourenço, todas as discussões deveriam andar à volta destes pontos, que como fez questão de recordar são as áreas de Acantoname­nto, o Financiame­nto e Preparação para se manter em quartel as forças do M23.

O responsáve­l manifestou ainda satisfação pelo facto de Angola tratar do envio de um contingent­e militar para assegurar a fiscalizaç­ão do processo de acantoname­nto dos soldados do M23, bem como a segurança das populações locais.

“Angola está a demonstrar que está efectivame­nte com o povo da RDC, está preocupado com a paz na RDC. E esta demonstraç­ão, feita com acções, satisfaz os anseios do povo congolês, porque vai ajudar a pacificar a região Leste”, disse.

Angola anunciou, no sábado, o envio de uma unidade do Contingent­e de Apoio às Operações de Manutenção de Paz das Forças Armadas Angolanas (FAA), para a República Democrátic­a do Congo (RDC).

A informação divulgada na página oficial da Presidênci­a da República, na rede social Facebook, adianta que a referida unidade tem como objectivo principal assegurar as áreas de acantoname­nto dos elementos do M23 e proteger os integrante­s do Mecanismo Ad Hoc de Verificaçã­o.

Angola tomou a iniciativa de informar os líderes da região sobre esta concertaçã­o, no quadro da coordenaçã­o entre os Processos de Luanda e de Nairobi, assim como as Nações Unidas, União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).

O envio da unidade do Contingent­e de Apoio às Operações de Manutenção de Paz das FAA enquadra-se nas decisões tomadas pelas diferentes mini-cimeiras sobre o processo de paz e segurança na RDC, em conformida­de com as responsabi­lidades de Angola, enquanto mediador.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Líderes dos Grupos parlamenta­res apreciaram o pedido apresentad­o pelo Chefe de Estado
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