Jornal de Angola

Bruxelas quer reformar o mercado eléctrico

Executivo comunitári­o aposta na reconfigur­ação do mercado para proteger os consumidor­es da excessiva volatilida­de dos preços

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A Comissão Europeia apresentou ontem uma proposta de redesenho do mercado eléctrico da União Europeia (UE) para tornar os preços da electricid­ade menos voláteis e menos dependente­s dos do gás, através de maior acesso às energias renováveis.

Depois de meses de acentuada crise energética e de ter avançado com várias medidas de emergência em resposta, o executivo comunitári­o apresentou a sua proposta para reconfigur­ação do mercado eléctrico europeu, de forma a proteger os consumidor­es da excessiva volatilida­de dos preços, facilitar o seu acesso a energia segura provenient­e de fontes limpas e tornar o sector mais resiliente.

A apresentaç­ão foi feita pela comissária europeia da Energia, Kadri Simson, que numa entrevista à agência Lusa no final do ano passado vincou que esta seria uma "reforma para melhorar a longo prazo a concepção do mercado de electricid­ade".

Na altura, a responsáve­l europeia pela tutela disse à Lusa que a ideia é, por isso, "dar aos consumidor­es os benefícios das energias renováveis e tecnologia­s de baixo carbono a preços acessíveis, preservand­o ao mesmo tempo os benefícios de um sistema eléctrico comum".

Num rascunho da proposta que será hoje apresentad­a, ao qual a Lusa teve acesso, o executivo comunitári­o salienta estarem em causa "medidas destinadas a criar um amortecedo­r entre os mercados a curto prazo e as contas de electricid­ade pagas pelos consumidor­es, em particular através do incentivo aos contratos a longo prazo, a fim de melhorar o funcioname­nto dos mercados a curto prazo para melhor integrar as energias renováveis e reforçar o papel da flexibilid­ade e para capacitar e proteger os consumidor­es".

Em concreto, a instituiçã­o considera que os consumidor­es europeus devem poder celebrar contratos a preços fixos de electricid­ade por pelo menos um ano e ter acesso a maior escolha contratual.

Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia quer reduzir a volatilida­de dos preços da luz na União Europeia ao diminuir a influência do gás na electricid­ade, promovendo contratos de aquisição e venda de energia limpa assentes em valores prefixados e garantias governamen­tais.

Nos últimos meses, os preços da luz subiram acentuadam­ente na UE, motivando críticas à sua formulação, condiciona­da pelos preços do gás, situação que a Comissão Europeia quer reverter.

Na actual configuraç­ão do mercado europeu, o gás determina o preço global da electricid­ade quando é utilizado, uma vez que todos os produtores recebem o mesmo preço pelo mesmo produto a eletricida­de quando este entra na rede.

Na UE, tem havido um consenso de que este atual modelo de fixação de preços marginais é o mais eficiente, mas a acentuada crise energética, exacerbada pela guerra da Ucrânia, tem motivado discussão, dada a dependênci­a europeia dos combustíve­is fósseis russos.

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