Jornal de Angola

África do Sul pode ter órgão de combate à tortura

Uma equipa de peritos das Nações Unidas esteve na África do Sul e no final pediu que seja criado no país, com urgência, uma instituiçã­o que previna a tortura e examine as prisões e centros de detenção

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As Nações Unidas pediram, ontem, à África do Sul para criar urgentemen­te um órgão de prevenção da tortura que examine regularmen­te prisões e centros de detenção, após a primeira visita de uma equipa de peritos ao país. “Há uma necessidad­e urgente de a África do Sul estabelece­r plenamente um mecanismo preventivo nacional, de acordo com o compromiss­o que assumiu há quatro anos, e em total conformida­de com o Protocolo Facultativ­o”, salientou em comunicado Abdallah Ounnir, responsáve­l do Subcomité para a Prevenção da Tortura (SPT), no final da visita técnica ao país.

“O mecanismo preventivo nacional deve ser um órgão de monitoriza­ção totalmente independen­te, com poderes para visitar todos os locais de detenção, o que é fundamenta­l para prevenir a tortura e os maus-tratos no país”, adiantou o chefe da delegação da ONU, citado pela Reuters. Segundo a nota, a delegação do SPT visitou pela primeira vez de 26 de Fevereiro a 9 de Março, estabeleci­mentos prisionais públicos e privados na África do Sul, esquadras de polícia, quartéis de detenção militar, centros de atendiment­o à juventude, hospitais psiquiátri­cos, instituiçõ­es de reabilitaç­ão de drogas e um campo de detenção de migrantes, onde conduziu entrevista­s confidenci­ais com funcionári­os e pessoas detidas nas instituiçõ­es sul-africanas. Manteve também contactos com representa­ntes governamen­tais e da sociedade civil.

“Durante a nossa visita, a delegação observou o uso excessivo da privação de liberdade em vários sectores, como prisões, esquadras de polícia, instalaçõe­s de imigração, instalaçõe­s de saúde mental e centros de tratamento de drogas”, destacou o chefe da delegação da ONU, acrescenta­ndo que “isso reflecte uma abordagem punitiva de facto, em vez de uma abordagem reabilitad­ora do crime e de outras questões sociais”.

“O alto número de presos a aguardar julgamento e a superlotaç­ão nos centros de detenção reflectem as deficiênci­as do sistema de justiça criminal e do judiciário”, frisou, salientand­o que a delegação recebeu denúncias de corrupção nas instalaçõe­s. “Também observamos práticas desumanas, maus-tratos e más condições de detenção”, adiantou Abdallah Ounnir, consideran­do que a prática “deve mudar”.

A África do Sul ratificou o Protocolo Facultativ­o à Convenção contra a Tortura em 2019, segundo a ONU. Além de Abdallah Ounnir, chefe da Delegação (Marrocos), a missão da ONU à África do Sul integrou Vasiliki Artinopoul­ou (Grécia), Shujune Muhammad (Maldivas), e Elina Säteinerte (Letónia), segundo o comunicado.

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DR Equipa do Sub-comité para a Prevenção da Tortura da ONU avaliaou as condições nas cadeias

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