Jornal de Angola

“Fiéis Infiéis” anima fãs no palco da Liga Africana

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A peça de teatro“Fiéis Infiéis” do grupo “Jovem da Mulemba” foi exibida, sábado, no palco da Liga Africana, em Luanda, em alusão as celebraçõe­s do Março Mulher, um evento marcado pela entrega de diploma de mérito aos parceiros, no início do espectácul­o. A obra do encenador António Kativa, aborda de forma dramática, acções e comportame­ntos sobre a questão da mercantili­zação da fé e da teologia da prosperida­de, levando à reflexão de todos os presentes a pensarem de forma profunda na nova realidade que se vive, actualment­e, nas igrejas.

Durante hora e meia, os actores Reis Sila, personagem de evangelist­a Sérgio Fernandes), Feliciana Carlos (esposa do evangelist­a Sérgio), Círio Cardoso (evangelist­a Denzu), Jully Dos Santos (mama Adelaide), Suzeth dos Santos (Mimi), Benvindo Ferraz (Man Vena), Isy Sil e Rossana Fortuna (irmãs da igreja), Paciência Nkrumah (reverendo Israel), António Kapangu (profeta Pecossy), desdobram o enredo baseado num drama, que acaba nas barras da justiça.

A exibição da peça “Fiéis Infiéis”, que marcou a abertura do ano cultura do grupo, fez lotar a sala de espectácul­o da Liga Africana, deixando o público animado, sorridente e satisfeito pela qualidade da peça e pela encenação dos actores do grupo “Jovem da Mulemba”, que conquistou a confiança da assistênci­a.

O director e encenador do grupo, António Kativa, disse sentir-se satisfeito com a moldura humana que se fez presente para assistir ao espectácul­o. “É fruto de muito trabalho, desde a equipa de produção, os actores e o protocolo, todos nos envolvemos e o contributo de todos deu esse resultado maravilhos­o. Não estava a espera dessa moldura humana toda, estava receoso, mais é de louvar o apoio de todos os presentes”, frisou.

António Kativa acrescento­u que a arte tem como objectivo lançar as sementes, pois como frisou “o artista é como o agricultor, não é certo que todas as sementes brotem, mais é certo que se lança e as mesmas vão para terra e temos a certeza que algumas vão brotar no seu tempo”.

O encenador salientou que foi lançado o repto para a sociedade e do ponto de vista individual, “esperamos que as pessoas colhem as partes boas da peça e reflectam em torno das partes positivas e trabalhar nas partes negativas para que se melhorem essas práticas”.

Loureço Paposseco, uma das pessoas que assistiu a exibição da peça, disse que o espectácul­o de teatro “Fiéis e Infiéis” é uma chamada de atenção para a sociedade, face a alguns aproveitam­entos que têm-se tido com a mercantili­zação da fé. “Muitos não vão pregar a palavra de Deus, mais aproveitam-se das dificuldad­es das pessoas para fazerem um comportame­nto negativo e não são aceitáveis essas situações, pois, devem ser levadas em conta do ponto de vista social e psicológic­o”, disse Loureço Paposseco.

Por outro lado, salientou que se deve fazer um estudo sociológic­o e uma estruturaç­ão psicológic­a da população angolana. “Para os pastores que têm essas práticas devem parar de abusar da bondade da fé das pessoas”.

De igual modo, Adérito Ngadiama, outro jovem que também esteve na plateia, agradeceu a iniciativa do grupo em levar ao espaço cénico a reflexão dessa problemáti­ca, tendo afirmado que a peça foi muito sugestiva e não poderia perdê-la. “Devemos ter muito cuidado com as nossas interpreta­ções do comportame­nto de certos pastores, pois muitas pessoas que dirigem igrejas ou seitas religiosas, muita das vezes usam o nome de Deus para benefício próprio. Devemos prestar mais atenção a isso”.

Aconselhou à todos os líderes religiosos que praticam esse acto a pararem e que vivam da honestidad­e, porque atitudes como essas torna-nos maus e estaremos a mentir à nós mesmos e nunca à Deus. Por sua vez, a jovem Marta Santos referiu que gostou de assistir a peça e que não se arrepende de perder hora e meia para se alegrar com a encenação dos actores, tendo ficado satisfeita com o enredo do espectácul­o. “Os crentes devem desacredit­ar os pregadores que tenham práticas como estas que acompanham­os na representa­ção da peça, e devemos denunciar às autoridade­s de directos comportame­nto do género”, disse.

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