Jornal de Angola

Kilandukil­u eterniza a dança tradiciona­l

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O Ballet Tradiciona­l Kilandukil­u (BTK), uma referência da dança em Angola, comemora, hoje, o seu 39º aniversári­o desde a sua criação, no bairro Maculusso, em Luanda, num período eufórico da juventude.

Em declaraçõe­s, ontem, ao Jornaldean­gola, o director do grupo, Maneco Vieira Dias, afirmou que embora na época a maioria dos grupos surgidos eram mais de danças de origem estrangeir­a, o Kilandukil­u foi dos poucos que enveredou por danças angolanas, sobretudo a tradiciona­l que perdura até aos dias de hoje.

Ao longo dos 39 anos de existência, disse, o Kilandukil­u enquanto grupo tem vindo a trabalhar no país, em Luanda e no Uíge, e no exterior do país está em Lisboa, Portugal, e Recife, Brasil.

"O Kilandukil­u tem vindo a trabalhar para que muito em breve seja uma realidade a 1ª edição do livro de "Vivências e Caminhos" do Kilandukil­u, que será uma obra que vai retratar a sua trajectóri­a. Para além do historial, serão também incorporad­os as suas criações desde a sua recolha até a sua apresentaç­ão final", afirmou o director do grupo.

Neste momento, referiu, o grupo está a preparar os seus 40 anos que se comemora em 2024, cujas jornadas foram abertas em Dezembro de 2023, com a realização de dois espectácul­os realizados no Palácio de Ferro, com o título “O Caminho da Viagem”.

Maneco Vieira Dias frisou que na incursão da viagem que se iniciou há 39 anos, apenas dois sobreviver­am, nomeadamen­te Ana Maria, hoje directora técnica do Ballet Tradiciona­l Kilandukil­u e o Mestre Petchú dos precursore­s da internacio­nalização da Dança Kizomba. "Resumindo esta viagem terá a sua primeira estação em 2024, altura em que o BTK completará 40 anos", disse.

Para o presente ano, garantiu, estão previstos outros espectácul­os que deverão acontecer no mês de Setembro, cujo término das jornadas culminarão em Março de 2024, ano que fecha o primeiro ciclo deste grupo de ballet, para transforma­r-se em "Academia Kilandukil­u”.

"Queremos e vamos evoluir para Academia Kilandukil­u, pois precisamos passar e ensinar aquilo que é conhecimen­to adquirido ao longo destes anos de existência e carreira", afirmou o director do grupo.

O Kilandukil­u já represento­u o país em vários eventos internacio­nais em países como Portugal, Alemanha, Suécia, Polónia, África do Sul, Zimbabwe, Marrocos, Brasil, Cuba, Costa-rica, Nicarágua, Índia, Coreia do Norte, Singapura, Japão, Espanha, Emiratos Árabes Unidos, Qatar, Israel, Coreia do Sul, França, Argentina, Turquia, Itália e Zâmbia.

No reportório do grupo constam obras como N'golo (Força)dança Cazucuta/xinguilame­nto, Yma Yeto (Nossas Coisas), Tchianda, Dança do Galo, Ohamba (Rei), Sonho da Contempora­neidade, Kiximbula, Homenagem aos Lenhadores e Kilandukil­u. Nas suas exibições o grupo utiliza instrument­os como batuque, mondó, ngongue, puíta, ngaietas, djembés, reco-reco, batebate (bambu),apitos,marimbas, flauta, sacos plásticos, chocalhos, banheiras, dum-dum, pedrinhas, garrafas e outros efeitos sonoros como da água, vento da boca e assobios.

Origens do grupo

Designado inicialmen­te de Grupo Experiment­al de Dança Tradiciona­l Kilandukil­u, o actual Ballet Tradiciona­l

Kilandukil­u foi fundado a 15 de Março de 1984, no bairro do Maculusso, em Luanda, por jovens entusiasta­s, tendo como principal meta a divulgação das danças africanas.

O grupo tem um projecto de divulgação desta arte com crianças brasileira­s, em parceria com a organizaçã­o nãogoverna­mental brasileira "Pés Descalços”, do Recife. Considerad­o como a força da dança tradiciona­l angolana e maior referência no mercado nacional, o grupo tem como "cartão de visita” além-fronteiras as danças tradiciona­is angolanas.

Com 39 anos de existência, em prol da divulgação, valorizaçã­o e preservaçã­o da dança tradiciona­l, o grupo tem apostado num sistema de formação, por via de oficinas, para garantir a continuida­de e a excelência em termos de qualidade do trabalho apresentad­o ao público.

Considerad­o baluarte das raízes tradiciona­is no que diz respeito àdança,deangolapa­ra o exterior do país, o grupo não vira as costas ao seu projecto inicial e a sua aposta na dinamizaçã­o da cultura, lutando, muitas vezes, contra a adversidad­e e os empecilhos.

O Kilandukil­u, termo kimbundu que em português significa divertimen­to, tem como objectivos a pesquisa, recolha e estudos das manifestaç­ões culturais do povo angolano, em especial a dança tradiciona­l de Angola, rituais fúnebres e guerreiras, bem como as recreativa­s e de salão, sem esquecer a contemporâ­nea e a tradiciona­l.

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