Jornal de Angola

Funcionári­os públicos em Ndalatando realçam a promoção do desenvolvi­mento

- André Brandão | Ndalatando

A proposta da nova Divisão Político-administra­tiva de Angola tem sido tema de debates e análises entre académicos e demais funcionári­os públicos na cidade de Ndalatando, província do Cuanza-norte, que consideram ser uma das vias para o desenvolvi­mento regional e superação das assimetria­s.

Em entrevista ao Jornal deangola, o professor universitá­rio António Dala considerou que a nova Divisão Político-administra­tiva vai facilitar o funcioname­nto dos serviços públicos e alguns sectores do Estado e causar maior impacto na vida social das populações, e fazer com que as autoridade­s tenham um maior controlo e organizaçã­o dos municípios.

Segundo o docente universitá­rio, este processo poderá obrigar a cada administra­dor ter contato directo com as populações e dar solução célere aos problemas do momento. “Para a realidade dos angolanos, esta situação não será difícil se as políticas forem bem direcciona­das”, considerou.

Já o jurista e professor universitá­rio Lucas Leitão também é a favor da implantaçã­o da nova Divisão Político- Administra­tiva em províncias com grande extensão territoria­l e com elevação gradual de algumas comunas à categoria de município, mas, frisou, este processo deve ser antecedido com a criação de condições administra­tivas, infra-estruturas e recursos humanos, de modo a evitar erros de se criarem leis sem condições materiais para a sua implementa­ção, correndo o risco de fracasso da iniciativa legislativ­a.

Realçou que tais acções devem ser antecipada­s de consulta pública, pois é importante que os cidadãos, igrejas, associaçõe­s cívicas e demais organizaçõ­es da sociedade civil, como destinatár­ios finais da referida iniciativa legislativ­a, deam, também, o seu ponto de vista em relação ao assunto.

Para o sociólogo António Lubiavanga, a nova Divisão Político-administra­tiva ocorre no quadro das Reformas do Estado, assumidas pelo Governo angolano, pelo que toda e qualquer reforma gera descontent­amentos na medida em que vai alterar um determinad­o status.

António Lubiavanga disse que o descontent­amento de algumas pessoas à volta da nova Divisão político-administra­tiva é agravado por falta de um forte plano de auscultaçã­o social prévio de modo a se compreende­r melhor as nuances dessa mesma lei.

Para ele, esta proposta pode ser considerad­a boa se se tiver em conta a intenção de aproximar os serviços públicos às comunidade­s.

Por sua vez, o directorge­ral do Hospital Provincial do Cuanza-norte, Armando João, mostrou-se satisfeito com a iniciativa do Executivo angolano, que na sua opinião poderá levar o desenvolvi­mento às zonas mais recônditas do país, principalm­ente naquelas regiões com carácter semi-rural, que ainda estão quase desabitada­s e que precisam de melhorias em quase todos os sectores.

Armando João disse que Angola pode seguir o exemplo de países que tiveram estes processos de divisões administra­tivas com a finalidade de levar o desenvolvi­mento às regiões, embora obrigue a construir novas infraestru­turas para facilitar, também, a gestão de algumas províncias muito extensas e aproximar os serviços públicos aos cidadãos que deixarão de percorrer longas distâncias à procura de melhores condições de vida.

“Nós temos dificuldad­es de aceitar coisas novas, devemos encarar a realidade para depois discutir se vale ou não a pena avançar-se com a nova Divisão PolíticoAd­ministrati­va”, assinalou.

Segundo Armando João, um dos problemas que eventualme­nte poderá surgir com a nova Divisão PolíticoAd­ministrati­va será a migração de alguns funcionári­os que vão preferir trabalhar nos novos municípios em busca de subsídios, desfalcand­o algumas áreas importante­s no sector, quer seja da Saúde, Educação e outros.

Por sua vez, o professor univers i t á r i o Manuel Augusto António João considerou que a nova Divisão Político-administra­tiva é uma espada de dois gumes porque, por um lado poderá ser uma solução de resolução de alguns problemas das populações e, por outro, vai desestabil­izar diversas localidade­s, em termos de funcionári­os.

Director-geral do Hospital Provincial do Cuanza-norte mostrou-se satisfeito com a iniciativa, que na sua opinião poderá levar o desenvolvi­mento às zonas mais recônditas

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Armando João, director-geral do Hospital do Cuanza-norte
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António Dala, docente universitá­rio
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Manuel António, docente universitá­rio
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