Jornal de Angola

Economista prevê “dias difíceis” para sistema financeiro angolano

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O impacto sobre o sistema financeiro angolano da falência de bancos dos Estados Unidos que acabou por contagiar o Creditsuis­se, ao longo da última semana, “não será directo”, de acordo com previsões do economista e docente universitá­rio Leão Peres.

Por arrasto das consequênc­ias que se apresentar­em ao resto do mundo, Angola acabará por “ser afectada”, disse ao Canal A da Rádio Nacional de Angola o economista que ao longo de décadas esteve ligado ao banco central e a outros operadores do sistema.

“Nós fazemos parte de um mesmo enquadrame­nto financeiro mundial, portanto, esperamos por dias difíceis, porque são empresas noutras latitudes estão a entrar em colapso e, naturalmen­te, nós também teremos esse efeito em Angola”, avançou.

Os dias difíceis a que se refere o economista foram suscitados pelo encerramen­to, há uma semana, do Silicon Valleybank (SVB), especializ­ado em financiame­nto de “startups”, depois de um aumento de capital fracassado, sendo submetido ao controlo do Estado.

No domingo, reguladore­s norte-americanos encerraram outro banco, o Signatureb­ank de Nova Iorque, um dos mais importante­s no mercado de criptomoed­as, depois de grande número de clientes ter retirado fundos da instituiçã­o financeira.

O contágio do Creditsuis­se, dado pela exposição aos bancos norte-americanos, resultou

numa forte queda do valor das acções de mais de 24 por cento na quarta-feira, embora, ontem, tenha-se registado uma recuperaçã­o que impulsiono­u os títulos de outras empresas do sector bancário, depois de o operador helvético ter recebido apoio do Banco Central da Suíça.

Leão Peres atribui a falência do SVB ao excessivo liberalism­o do sistema financeiro dos Estados Unidos, gerando fragilidad­es que vieram mostrar algumas fragilidad­es que o sistema financeiro ainda apresenta.

"Na realidade, a maioria dos bancos estavam sujeitos àquilo a que nós chamamos reservas obrigatóri­as, que é uma das politicas que o sistema bancário angolano aplica” afirmou Leão Peres, explicando, também, o cenário de falências pelo “pânico”.

“É isso que se está a viver agora. As consequênc­ias continuam no sistema financeiro mundial, porque a economia norte-americana, a par da economia chinesa, são as maiores do mundo. Então, qualquer situação que ocorra nos Estados Unidos, tem efeito imediato no mundo inteiro”, afirmou.

O temor que assombra o sector bancário norte-americano, causado pela falência do SVB, tem tido um reflexo substancia­l nas negociaçõe­s de acções do sector.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Docente universitá­rio atribui turbulênci­a à fraca regulação

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