Produção nacional de milho satisfaz aquisições da REA
Victor Fernandes realçou, no Wako-kungo, que, mercê da evolução na produção, as aquisições de milho para a Reserva Estratégica Alimentar passam a ser feitas no país
Previsões obtidas pela Carrinho Agri apontam que Angola vai produzir, na Campanha Agrícola 2022/2023, milho suficiente para cobrir as aquisições da Reserva Estratégicas Alimentar (REA), anunciou o ministro da Indústria e Comércio.
Victor Fernandes proferiu estas declarações na quartafeira, no Wako-kungo, onde, ao lado do ministro da Agricultura e Florestas, Francisco Assis, participou na apresentação de um projecto de fomento da agricultura familiar, concebido como acção complementar da expansão dos fornecimentos à REA.
“Temos o orgulho de afirmar que, fruto dos esforços desenvolvidos na produção interna, temos, actualmente, uma produção de milho capaz de potenciar a Reserva Estratégica Alimentar, mas não devemos parar por aqui, para que, num futuro breve, também possamos alcançar a auto-suficiência noutros produtos da cesta básica”, declarou Victor Fernandes.
O titular da pasta da Indústria e Comércio sublinhou que o alcance dessa auto-suficiência foi possível com o envolvimento de outros intervenientes, mas entende que são necessários esforços noutros segmentos, como a produção, no país de instrumentos de trabalho como enxadas, catanas, alfaias, e outros.
“Temos pela frente muitos desafios, que passam pela industrialização do nosso país para que possamos produzir os instrumentos de trabalho para o fomento da produção agrícola”, disse.
Isso requer investimento na instalação de indústrias que concorram para a produção de instrumentos de trabalho, tractores e respectivas alfaias, com foco no desenvolvimento da agricultura em larga escala, algo para o que o sector privado está mais vocacionado.
O ministro da Agricultura e Florestas reconheceu que o projecto da Carrinho Agri está alinhado à política do Executivo de desenvolvimento do sector Agro-pecuário, no âmbito do Prodesi e realçou o contributo da agricultura familiar no fornecimento ao mercado.
O contributo da agricultura do sector familiar em Angola é inegável, afirmou o ministro, citando um estudo a apontar para que 95 por cento de metade dos alimentos que abastecem Luanda são produzidos por famílias camponesas das províncias do Cuanza-sul e Namibe.
Além disso, mais de 90 por cento do abate de animais para a produção da carne consumida em Luanda vem da província da Huíla, mas a falta de conhecimento técnico reduz o impacto da produção do sector familiar.
O projecto, de longo prazo, preconiza um conjunto de acções que consistem na mobilização de famílias camponesas como o apoio em assistência técnica e “inputs” agrícolas para garantir a produção de cereais.
Produtores familiares
Durante a apresentação do projecto, o administrador da Carrinho Agri, David Maciel, a empresa encarregue da implementação, referiu que vão ser envolvidos 58 mil produtores de seis províncias identificadas como maiores produtores de cereais e leguminosas, nomeadamente, Cuanza-sul, Benguela, Bié, Huambo, Huíla e Malanje, com prioridade para as culturas de milho, feijão, soja, trigo e outras.
David Maciel realçou que o estudo feito nos 15 municípios envolvidos forneceu indicadores preocupantes que podem ser resolvidos com a execução do projecto, tais como a falta de escoamento de produtos do campo para os mercados de consumo, fraca qualidade dos produtos resultante da ausência de acompanhamento técnico, utilização de fertilizantes fora dos padrões recomendados, preparação de solos com métodos tradicionais e reduzida rentabilidade da produção por hectare.
Para inverter o quadro, considerou a adopção de mecanismos modernos como a saída para maximizar os rendimentos da agricultura familiar. Entre as acções previstas para dinamizar a agricultura familiar, apontou a necessidade da promoção de boas práticas agrícolas, que passam pela criação de uma equipa de 300 técnicos de acompanhamento aos produtores e a concessão de crédito para a aquisição de insumos agrícolas.