Jornal de Angola

Pescadores artesanais orientados a preservar a fauna marinha

Governante considera necessário o reforço da sensibiliz­ação dos pescadores artesanais para desencoraj­ar o exercício desordenad­o da actividade, ao ponto de prejudicar a fauna marítima

- António Canepa | Caxito

e Recursos Marinhos, Camen Sacramento Neto, defendeu, ontem, na Barra do Dande, Bengo, o reforço da aposta na formação e sensibiliz­ação dos pescadores artesanais para desencoraj­ar a pesca desordenad­a e prejudicia­l para a fauna marítima.

Carmen Sacramento Neto, que falava no Centro Regional de Fiscalizaç­ão Pesqueira, no final de uma visita de constataçã­o aos Centos de Apoio à Pesca Artesanal do Yembe, comuna do Tabi, no município do Ambriz, e do município da Barra do Dande, manifestou-se preocupada com a prática da pesca da banda-banda utilizada, normalment­e, pela maioria dos pescadores artesanais, prejudican­do a fauna marinha.

A governante deixou orientaçõe­s precisas no sentido de redobrar a fiscalizaç­ão, aposta na formação e na sensibiliz­ação dos pescadores sobre as boas práticas de pesca e de incentivo à sua organizaçã­o em cooperativ­as.

Por outro lado, a dirigente está, também, preocupada com a exiguidade de fiscais e meios suficiente­s e necessário­s para a fiscalizaç­ão desta actividade em todo o país, tanto no mar como nos rios.

“Estamos a trabalhar para melhorar o que está a ser feito, aumentar o número de fiscais e meios para o exercício da actividade pesqueira tanto marinha como fluvial. Não estamos de acordo com realização da pesca banda-banda ou pesca de arrastões que dão cabo da fauna marítima”, deplorou a governante.

A ministra fez saber que existem em todo o país 19 centros de apoio a esta actividade, porém, têm falta de meios para cumprirem o propósito para o qual foram investidos.

Os centros de apoio à

pesca artesanal foram concebidos para ajudar directamen­te as comunidade­s piscatória­s e outras que se dedicam à venda de pescado para sobrevivên­cia, desde a captura, tratamento, secagem ou conservaçã­o, até à comerciali­zação.

Gestão fraca

Mas, estes objectivos não estão a ser cumpridos de forma cabal pelos centros, que apesar de terem as condições técnicas, são prejudicad­os, na maior dos casos, pela fraca gestão.

A t í t ulo de exemplo a ministra disse que o centro do Yembe, que custou dois milhões de dólares aos cofres

do Estado, incluindo a construção e o apetrecham­ento, com objectivo de ajudar 500 famílias esteja, hoje, aquém destas expectativ­as por falta de uma boa gestão.

Os dois centros visitados, ontem, pela ministra, têm problemas de gestão, como no caso do caso da Barra do Dande, onde o local está a ser disputado entre a Direcção das Pescas e o colectivo das cooperativ­as, defendendo um diálogo sério para se encontrare­m soluções que beneficiem ambas as partes e sirvam as comunidade­s.

O próprio Centro Regional de Fiscalizaç­ão Pesqueira carece, também, de pessoal

e só tem um único meio para realizar a sua actividade, o que é insuficien­te.

A ministra disse que existem no país 19 centros de apoio à Pesca Artesanal e todos carecem de meios para a fiscalizaç­ão da actividade pesqueira, além de problemas relacionad­os com a gestão.

“Os centros de apoio às actividade­s pesqueiras foram conc ebidos para apo i a r o s pescadores, mas notamos que não estão a ser utilizados como deveriam, por problemas de gestão. Por isso, defendemos diálogo com as cooperativ­as no sentido de se encontrar soluções para estes problemas”, disse a ministra.

Carmen Sacramento Neto disse que Zaire e Bengo têm uma linha costeira transforma­da em locais de pesca, propondo que seja melhorado o trabalho que está a ser levado a cabo no sector das pescas tanto marítima como fluvial.

A comunidade do Yembe está estimada em 700 pessoas, todos dedicadas à actividade da pesca artesanal e filiados em quatro cooperativ­as, contando com sete embarcaçõe­s.

A comunidade beneficia da ajuda do para a conservaçã­o do pescado que capturam, vendido a mil kwanzas o quilo.

O Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Yembe, primeira paragem da visita da ministra, funciona com duas câmaras para a conservaçã­o e venda de pescado, tem um gerador auxiliado por painéis solares e conta com quatro cooperativ­as, uma máquina de trat a mento d e r e s í d u o s e produção de farinha de peixe, uma fábrica de gelo, bem como uma oficina para a reparação de barcos e motores.

O Centro de Apoio à Pesca Artesanal da Barra do Dande conta com 20 cooperativ­as de pescadores, porém, a débil gestão própria está a dificultar toda a acção.

Durante a visita, a ministra esteve, também, no Centro Regional de Fiscalizaç­ão Pesqueira que funciona desde o ano de 2016 na Barra do Dande e na Praia do Sarico, no Panguila, conhecida, também como “cemitério de barcos”.

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DR Ministra Carmen do Sacramento Neto (ao centro) visitou o Centro de Apoio à Pesca Artesanal

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