Jornal de Angola

Banco Europeu do Hidrogénio avança com primeiros leilões no Outono

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A Comissão Europeia anunciou ontem estar a preparar, para o próximo Outono, os primeiros leilões-piloto relativos à produção de hidrogénio 'verde', os instrument­os financeiro­s iniciais do Banco Europeu do Hidrogénio, criado para desbloquea­r investimen­tos na União Europeia (UE).

“Acomissão está atualmente a conceber os primeiros leilões-piloto sobre a produção de hidrogénio renovável, que será o primeiro instrument­o financeiro do Banco Europeu do Hidrogénio. Estes leilões serão lançados no âmbito do Fundo de Inovação no outono de 2023, com um orçamento dedicado de 800 milhões de euros”, anuncia o executivo comunitári­o, numa informação hoje divulgada à imprensa.

Previsto está que, nestes primeiros leilões do Banco Europeu do Hidrogénio, sejam atribuídos subsídios aos produtores de hidrogénio sob a forma de prémio fixo por quilo de produção, durante um período máximo de 10 anos.

“Ao colmatar a diferença de custos na UE entre o hidrogénio renovável e o fóssil e ao aumentar a estabilida­de das receitas, também se aumenta a viabilidad­e bancária dos projetos e isso faz baixar os custos globais de capital”, argumenta Bruxelas.

No dia em que propõe uma nova lei para tornar a UE na “casa das tecnologia­s limpas”, querendo 40% da produção sustentáve­l feita em território europeu até 2030 para responder aos subsídios 'verdes' dos Estados Unidos, Bruxelas lança também esta comunicaçã­o sobre o Banco Europeu de Hidrogénio, que visa apoiar a produção e o desenvolvi­mento de hidrogénio 'verde' no espaço comunitári­o, bem como as importaçõe­s de parceiros internacio­nais para os consumidor­es europeus.

O anúncio da criação deste Banco Europeu do Hidrogénio foi feito em Setembro passado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que no seu discurso do Estado da União falou num instrument­o para fomentar iniciativa­s de hidrogénio 'verde' na UE e para preencher lacunas de investimen­to, orçado em três mil milhões de euros.

Contactada pela Lusa na altura, a Comissão Europeia indicou esperar ter o novo Banco Europeu de Hidrogénio em funcioname­nto em 2023, para cobrir o risco da compra e venda de hidrogénio 'verde'.

A principal missão deste banco é, então, desbloquea­r investimen­tos privados em cadeias de valor na UE e em países terceiros, colmatando obstáculos e necessidad­es de investimen­to iniciais.

Prevista está também a criação de uma plataforma de leilões na UE através do Banco do Hidrogénio, para disponibil­izar leilões aos Estadosmem­bros, sem prejuízo das regras europeias em matéria de auxílios estatais.

Quanto à dimensão internacio­nal do banco, que avança até ao final do ano, “a Comissão está a explorar mais aprofundad­amente como este pode ser concebido”, adianta Bruxelas.

Os recursos financeiro­s deste banco são provenient­es do Fundo de Inovação -- o principal instrument­o financeiro na UE para atingir os compromiss­os no âmbito do Acordo de Paris e do Pacto Ecológico Europeu, para alcançar a neutralida­de climática até 2050 - - e de outras fontes.

No pacote energético REPOwereu, divulgado em Maio passado, Bruxelas propôs medidas para aumentar o recurso ao hidrogénio 'verde' na UE, estabelece­ndo objetivos de produção interna de 10 milhões de toneladas e de importaçõe­s de 10 milhões de toneladas, até 2030.

Atualmente, o hidrogénio representa cerca de 2% do cabaz energético da UE e praticamen­te todo o existente (95%) é produzido por combustíve­is fósseis, que libertam anualmente entre 70 a 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2).

O hidrogénio 'verde', por seu lado, é provenient­e de fontes renováveis, pelo que não emite CO2 e liberta quantidade­s diminutas de poluentes atmosféric­os, podendo ser usado como matéria-prima, combustíve­l e vetor de transporte ou armazename­nto de energia e aplicado nos setores da indústria, transporte­s, energia e edifícios.

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