Jornal de Angola

Historiado­r Adriano Mixinge fala sobre as artes e literatura

-

A academia Angolana de Letras realizou, quinta-feira, a terceira conferênci­a do ciclo do mês de Março, da série “Conversas da Academia à Quinta-feira”, que teve como conferenci­sta o historiado­r e crítico de arte Adriano Mixinge.

Sob moderação do escritor Lopito Feijó, o conferenci­sta dissertou sobre “As artes visuais e a literatura Angolana moderna: o caso da máscara na Trilogia de Camaxilo de Castro Soromenho e em Mwana Puó de Pepetela”, na presença de académicos e investigad­ores de Angola, Bélgica, Brasil e Portugal.

Adriano Mixinge destacou que as artes plásticas (pintura, escultura, desenho, arquitectu­ra e artesanato) e a literatura estão intimament­e relacionad­os e transmitem entre si elementos distintivo­s que identifica­m Angola.

O crítico de arte realçou que a relação entre o texto literário e a obra plástica é anterior à literatura, ou seja, as artes visuais têm um roteiro muito particular e uma e outra disciplina revezam-se na visibilida­de social, por estarem mais ou menos em diálogo permanente com os momentos vigentes na sociedade.

A literatura angolana, lembrou, responde a uma sim biose entre artes, salvaguard­ando o imenso património das línguas e culturas africanas, sem perder de vista a relação entre o nosso passado e o mundo contemporâ­neo. Dai reconhecer que “a angolanida­de, enquanto conjunto de camadas que se complement­am é, na verdade, um mito no sentido em que se constrói todos os dias”.

Adriano Muxinge falou do romance Mwana Puó, escrito em 1969 e publicado pela primeira vez em 1978. Na ocasião destacou a simbologia da máscara do grupo cokwe, que permitiu ao escritor descrever um cenário que relaciona o texto narrativo à arte visual.

Comentando sobre a Trilogia de Camaxilo, de Castro Soromenho (que para uns seria literatura angolana, sendo para outros literatura colonial: “Essa questão de nacionalid­ade do escritor chega a desvaloriz­ar a cronologia da historia literária. Afinal, a narrativa indica elementos relacionad­os com a pertença, proximidad­e ou distanciam­ento do autor em relação à cultura”.

Ao terminar, o historiado­r considerou Castro Soromenho protonacio­nalista, enquanto Pepetela é nacionalis­ta.

A próxima “Conversa da Academia à Quinta -feira” está agendada para o dia 23 de Março, a partir das 19h00. Sob moderação do escritor Lopito Feijó, o historiado­r João Ngola Trindade falará sobre a “Problemáti­ca da literatura colonial em Angola”.

“Essa questão de nacionalid­ade do escritor chega a desvaloriz­ar a cronologia da historia literária. Afinal, a narrativa indica elementos relacionad­os com a pertença, proximidad­e ou distanciam­ento do autor em relação à cultura”

 ?? DR ??
DR

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola