Jornal de Angola

Falta de salas de espectácul­os atrasa o cresciment­o do teatro

- Mário Cohen

A falta de salas de espectácul­os e políticas dirigidas para o teatro são os principais problemas que atrasam o desenvolvi­mento das artes cénicas no país, defenderam, quintafeir­a, na ex-liga Africana, em Luanda, alguns produtores e especialis­tas em teatro.

Esse posicionam­ento foi defendido por Valdano Lukizaia, actor do Horizonte Njinga Mbande, Celina Coiluna Lemba, mentora do projecto Kids Talent Awards e fundadora do grupo Ekuiki e Sofia Alberto Buco, directora da escolinha de Teatro Buco, no lançamento do novo projecto de teatro da companhia de Artes Sol, denominado “Pirâmide D’arte”, que analisaram o tema “A Produção Teatral e os Desafios da Nova Era”.

Para Valdano Lukizaia, o teatro no país ainda não tem uma saúde saudável, porque “ainda estamos estáticos por não temos industrias e não há política para desenvolve­r o teatro como arte”, disse.

O actor disse que a primeira edição do projecto “Pirâmide D’arte - um espaço de conversa e debate sobre conceitos e prática de arte e cultura” analisou o estado actual do teatro. “Eu sou actor do grupo Njinga Mbande, que tem uma sala própria. Vão um dia assistir um espectácul­o no Horizonte e verão que estamos em crise porque o número de espectador­es deixa muito a desejar”.

Para o actor, isto tem muito a ver com a inexistênc­ia de salas de espectácul­os no país e a falta de interesse das pessoas de direito em dar vida ao teatro, bem como também não dão valor às artes cénicas, à semelhança da importânci­a que dão as outras artes.

Muitos grupos de teatro no país, disse, vão realizando os seus espectácul­os como podem, em salas improvisad­as e sem condições para a encenação, acrescenta­ndo que outros colectivos de arte investem muito e não vejam o retorno do investimen­to feito, o que tornam frustrante para muitos grupos.

Já Celina Coluna Lemba, outra convidada ao debate, afirmou que nos anos 1980 a produção de teatro era muito limitada, devido o contextodo­con flito armando, que o país vivia, e os poucos recursos financeiro­s e a falta de conteúdos para produzir-se peças de teatro com qualidade.

Hoje, afirmou, há um cuidado dos encenadore­s, produtores, elenco artístico e equipa técnica em trabalhare­m arduamente para produzirem bons espectácul­os de teatro.

Para a fundadora do grupo Ekuiki, a pré-produção a nível dos grupos é a parte mais difícil por se tratar de um trabalhar onde deve ser feito as correcções, antes da estreia da peça.

A actriz, técnica de actuações e apresentad­ora de TV, Sofia Alberto Buco, apesar de reconhecer os problemas que afligem os fazedores de teatro no país, disse que já se vê um franco progresso nas produções de espectácul­os cénicas, o que quer dizer que mesmo com muitas dificuldad­es, os grupos trabalham na busca da qualidade dos espectácul­os.

Para Sofia Alberto Buco, antes no país havia uma quantidade de grupos e pouca qualidade nos espectácul­os, fazendo com que muitas agremiaçõe­s se extinguiss­em por falta de criativida­de artística.

Mentora do projecto

Sofia Solange, mentora do projecto “Pirâmide D’arte - um espaço de conversa e debate sobre conceitos e prática de arte e cultura”, lamentou a morte prematura do actor Avelino Viegas, também conhecido por “Kamba Mbiji”, do grupo Etu Lene, falecido na quarta-feira, no hospital Militar, em Luanda.

Solange Feijó disse que Avelino Viegas, que se notabilizo­u no teatro no programa “Em Cena” da Televisão Pública de Angola, no personagem Velho Saraiva, na peça “O Feiticeiro e o Inteligent­e”, foi uma excelente inspiração de muitos jovens actores que hoje impulsiona­m o teatro.

Revelou que a iniciativa da Artes Sol tem como intenção apresentar o novo proj ecto c ultura, onde os fazedores das artes cénicas no país, em particular os de Luanda, possam t rocar experiênci­as em torno de conceitos e práticas das artes.

O projecto, explica, congrega a classe artística, principalm­ente as figuras do teatro na capital, com o objectivo de ajudar na dinamizaçã­o das artes cénicas em Luanda.

A ideia do projecto surge no sentido de dar resposta a certos debates que a companhia Arte Sol tem acompanhad­o nas redes sociais, dai a necessidad­e de desenvolve­r actividade­s onde o teatro seja o foco central.

“A intenção da companhia Artes Sol é de contribuir no processo evolutivo das artes, levando para a conversa pessoas idóneas que dominam as várias vertentes das artes para que possamos adquirir mais experiênci­as e transmitir­mos também os nossos conhecimen­tos”, disse.

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