Jornal de Angola

Destituiçã­o do Presidente é ataque à democracia

Guillermo Lasso, que tem sido acusado de corrupção pela oposicão, aguarda pelo pronunciam­ento do Tribunal Constituci­onal do Equador

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O Governo do Equador rejeitou, ontem, o pedido de destituiçã­o contra Guillermo Lasso, consideran­do que a acção “carece completame­nte de elementos políticos e jurídicos que permitam sustentar um processo contra o Presidente”.

O Governo descreveu como um atentado à democracia o processo de destituiçã­o iniciado no Parlamento pela oposição contra o Presidente do país, Guillermo Lasso.

O executivo indicou que o processo de destituiçã­o tem “como único objectivo atacar a institucio­nalidade do Estado e a própria democracia”, indicou, num comunicado divulgado ontem.

“Este julgamento político não é um acto de fiscalizaç­ão, mas sim mais de muitas tentativas de desestabil­ização que a Assembleia Nacional t eve em menos de dois anos”, referiu.

O processo de destituiçã­o foi lançado sobretudo por deputados do partido UNES, do antigo Presidente Rafael Correa (2007-2017), e do partido de direita Partido Social Cristão, antigo aliado eleitoral de Lasso, mas contou também com as assinatura­s de alguns parlamenta­res do movimento indígena Pachakutik e da Esquerda Democrátic­a.

Ao entregar o pedido, Viviana Veloz, da UNES, disse ser “uma saída constituci­onal e democrátic­a para esta grave crise económica, social, política e de segurança que o Equador está a atravessar”, acrescenta­ndo tratar-se de “um país desiludido e sem esperança que está a pedir contas ao Presidente”.

O Parlamento tinha aprovado há duas semanas o relatório de uma comissão que recomendou a abertura de um processo político contra o Chefe de Estado, após ter sido denunciado um escândalo de corrupção em empresas públicas em que aparecem pessoas próximas a Lasso, i ncluindo o cunhado, o empresário Danilo Carrera.

A oposição acusa o Presidente de ter conhecimen­to da rede de corrupção e de ter tentado proteger os membros, chegando a ordenar o arquivamen­to de um inquérito policial sobre as ligações do empresário Rubén Cherres com uma máfia albanesa de traficante­s de droga.

Guillermo Lasso rejeitou as acusações da oposição e negou estar por trás de qualquer rede de corrupção ou de ter ordenado o arquivamen­to da denúncia contra Cherres.

O pedido terá agora de ser apreciado pelo Tribunal Constituci­onal e, se este o considerar devidament­e fundamenta­do, o Parlamento, onde a oposição tem a maioria, poderá avançar para a destituiçã­o, algo que requer 92 votos, dois terços dos deputados.

Em Fevereiro, Lasso saiu derrotado de um referendo para alterar a Constituiç­ão e viu a oposição reforçada nas eleições autárquica­s.

Em Junho de 2022, o Presidente escapou, por poucos votos, a um outro pedido de destituiçã­o, após protestos indígenas que paralisara­m o Equador durante mais de duas semanas e causaram seis mortos entre os manifestan­tes.

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DR Chefe de Estado, Guillerme Lasso, sobreviveu ao primeiro pedido de destituiçã­o

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