ONGS pedem investigação à morte de jornalista
Centenas de organizações da sociedade civil pediram às autoridades rwandesas para se investigar a morte de um jornalista, ocorrida em Janeiro deste ano
As autoridades rwandesas foram, ontem, instados por 86 organizações da sociedade civil e associações de meios de comunicação para que permitam uma investigação “independente, imparcial e eficaz” à morte, em Janeiro deste ano, do jornalista local John Ntwali. Segundo a Efe, trata-se, entre outros signatários, da Associação KUTAKESA, de Angola, da African Defenders, Amnistia Internacional, Association for Human Rights de vários países africanos, Centro para Democracia e Desenvolvimento, de Moçambique, Associação de Jornalistas da Commonwealth, Federação dos Jornalistas Africanos e a Rede Cabo-verdiana dos Defensores de Direitos Humanos.
Num c omunicado, a Organização Não-governamental Human Right Whatch (HRW) divulga o apelo e os nomes das 86 organizações e associações de meios de comunicação social que o subscrevem, salientando que é necessário que haja “um processo credível” sobre a morte, dada “a condenação apressada do condutor do carro, alegadamente, envolvido numa colisão com a moto em que viajava” o jornalista rwandês John Williams Ntwali, assim como “a falta de transparência em torno da investigação”. Em 19 de Janeiro de 2023, a Polícia do Ruanda informou que John Ntwali morreu num acidente rodoviário em Kimihurura, Kigali, no dia anterior às 02:50, e que o condutor do carro envolvido na colisão tinha sido detido.
Ntwali, fundador do canal Youtube Pax TV- IREME News e editor do jornal privado The Chronicles, expôs abusos dos direitos humanos no Rwanda, tinha recebido ameaças e manifestou preocupação com a sua própria segurança, realça a HRW em comunicado. Apesar das suspeitas em torno da sua morte e do elevado nível de interesse no caso, não foram fornecidos mais pormenores sobre o alegado acidente até sete de Fevereiro, dia em que o tribunal disse aos jornalistas que o julgamento do condutor já tinha sido realizado numa única sessão, em 31 de Janeiro, e que o homem tinha sido condenado por homicídio involuntário e danos corporais não intencionais.
O julgamento foi realizado na ausência de observadores independentes ou de jornalistas e o veredicto terá sido proferido no Tribunal Primário de Kagarama, em Kigali, capital do Rwanda.
A decisão escrita do tribunal refere que o acidente ocorreu numa estrada não identificada, perto da Universidade dos Adventistas Leigos de Kigali, que o condutor aparentemente optou para evitar um posto de controlo da Polícia na estrada principal, porque não tinha a inspecção do carro em dia. O condutor do carro foi multado em um milhão de francos rwandeses (aproximadamente 920 dólares), tendo alegadamente confessado as acusações.