Cabo Verde e Guiné-bissau combatem crime organizado
vão relançar a cooperação judiciária, com acções conjuntas de investigação e formação, esperando "apertar o cerco" à criminalidade organizada na África Ocidental, envolvendo o Senegal, conforme protocolo assinado sexta-feira na Praia, revela ontem a Lusa. O memorando de entendimento foi assinado entre a ministra da Justiça de Cabo Verde, Joana Rosa, e a sua homóloga guineense, Teresa Alexandrina da Silva, que terminou onte, uma visita de quatro dias ao arquipélago.
De acordo com a ministra cabo-verdiana, o protocolo serve para relançar a cooperação bilateral com a Guiné-bissau e para fortalecer as instituições naquele país vizinho e com laços históricos. "Nós estamos a querer alargar a cooperação aos vários subsectores do Ministério da Justiça, desde logo a parte que tem a ver com a investigação criminal. Nós vamos desenvolver este protocolo com vários projectos de formação conjunta das polícias judiciárias, de acções conjuntas das polícias judiciárias", apontou Joana Rosa.
Notando que os dois países têm vários desafios a nível da sub-região africana, como a criminalidade organizada, os tráficos de droga e de pessoas, contrabando, lavagem de capitais, a ministra caboverdiana voltou a sublinhar a necessidade de criar um eixo, envolvendo também o Senegal, para criar medidas de combate a esses fenómenos. "A nossa localização geográfica, as nossas vulnerabilidades, são as mesmas também da Guiné-bissau e do Senegal, ajuda-nos, até recomenda-nos a termos acções conjuntas, medidas de políticas também que possam conduzir, levar para que possamos juntos combater a criminalidade organizada na nossa sub-região", afirmou.
Além da presença e de projectos comuns na Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO)
e na comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Joana Rosa sublinhou a importância da partilha de informações criminais com a Guiné-bissau. "Temos condições de criar um relacionamento mais profícuo, mais intenso com a Guiné-bissau e para que possamos juntos combater a criminalidade e outros desafios que temos a nível do sector da Justiça", reforçou, indicando igualmente a protecção das comunidades emigradas residentes nos respectivos países.
A Ministra da Justiça e dos Direitos Humanos da GuinéBissau disse que o memorando serve para redinamizar cooperação com Cabo Verde, em várias áreas de intervenção, como os registos civis e combate à criminalidade organizada. "Há um vasto leque de zonas de intervenção que exploramos e que se reflectiram neste memorando de entendimento que acabamos de assinar", afirmou, destacando igualmente a reinserção social, uma área
que disse o seu país não está a saber lidar da melhor forma.
"E Cabo Verde já tem uma longa experiência nesse campo, e vamos levar daqui algo que possamos aproveitar e adaptar à nossa realidade", prometeu Alexandrina da Silva, considerando que os dois países devem tirar proveito dos desafios comuns e da sua localização geográfica na África Ocidental, sendo os únicos lusófonos que fazem parte da CEDEAO. "Nós temos uma vasta zona insular, sabemos que o tráfico marítimo tem-se intensificado e, dada a fragilidade no nosso Estado, que muitas vezes não intervém, não por falta de vontade, mas por falta de meios para o fazer, queremos conjugar esforços lá onde a GuinéBissau não consegue chegar, Cabo Verde consegue chegar, Senegal consegue chegar, portanto, tem de haver essa conjugação de esforços para apertarmos o cerco a nível da sub-região e da nossa vizinhança", entendeu a governante guineense.