Jornal de Angola

““OO sseeccttoo­rr ddee Áágguuaass eem Aannggooll­aa””

O Dia Mundial da Água é comemorado a 22 de Março. A Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) definiu para o Dia Mundial da Água 2023, o tema “Acelerando Mudanças - Seja a mudança que você deseja ver no Mundo”, com o objectivo de discutir formas de acelerar mud

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A água reveste-se de uma importânci­a vital, não só para o abastecime­nto de água à população, mas como alavanca do desenvolvi­mento socioeconó­mico, transversa­l a todos os sectores de actividade. No entanto, as alterações ao longo do ciclo da água estão a pôr em causa os progressos em todas as grandes questões globais, desde a saúde à fome, à igualdade de género ao emprego, à educação à indústria, às catástrofe­s até à paz.

Angola, especialme­nte afectada com os fenómenos associados às alterações climáticas, com situações de seca no Sul do País, cada vez mais frequentes e preocupant­es, assumiu o compromiss­o, alinhado com os Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l (ODS), em especial ODS 6 – Água e Saneamento, de trabalhar no sentido de cumprir as metas estabeleci­das.

Mas este não é um objectivo único do Governo, este deve ser um objectivo também do cidadão e o seu envolvimen­to é essencial para que o propósito seja atingindo.

Todas as acções e projectos desenvolvi­dos nos últimos anos, foram, naturalmen­te, fortemente afectados pela pandemia Covid-19 e, surgiu a necessidad­e de criar programas emergencia­is de combate à pandemia, concretiza­dos com grande sucesso. Angola soube dar resposta, quando foi mais necessário e, agora, é tempo de reavaliar as necessidad­es e lacunas existentes e dar continuida­de ao trabalho que tem vindo a ser concretiza­do.

O desenvolvi­mento de acções ao nível da reabilitaç­ão e construção de novas infraestru­turas de abastecime­nto de água e recolha e tratamento de águas residuais, têm merecido um esforço constante, por parte do Executivo, para que o acesso adequado e universal à utilização da água potável e aos serviços de tratamento de águas residuais, sejam uma realidade para a população.

O sector tem que lidar com necessidad­es em diversas vertentes: (i) a necessidad­e de construir novos sistemas, ou proceder à reabilitaç­ão dos já existentes; (ii) a necessidad­e constante de proceder à expansão das instalaçõe­s existentes e ao estabeleci­mento de novas ligações, para fazer face ao cresciment­o de população estimado em 3% ao ano; (iii) a necessidad­e imperiosa de ter quadros qualificad­os e formados nas várias áreas de actividade­s associadas ao serviço a prestar em todo o território nacional; (iv): mobilizar a população para a necessidad­e de pagar pelo serviço, que deverá ter um preço justo e acessível, de entrega da água potável, para que existam recursos financeiro­s para assegurar os custos operaciona­is e a sustentabi­lidade dos serviços.

Estes quatro aspectos constituem um enorme desafio para o Sector, seja pela necessidad­e de alocar avultados recursos financeiro­s, na construção das infra-estruturas, seja pelo tempo necessário a uma adequada formação para o conhecimen­to das tecnologia­s adequadas, que poderão ser muito diversas, seja pela dependênci­a que o País ainda tem do exterior e, consequent­emente, da necessidad­e de recurso à moeda externa para aquisição de equipament­os necessário­s ao bom funcioname­nto dos sistemas, cuja produção não existe em território nacional.

A par da necessidad­e crescente de infra-estruturaç­ão, a necessidad­e incontorná­vel de optimizaçã­o da gestão da água, onde os recursos disponívei­s são limitados e a procura é crescente, constitui uma preocupaçã­o que tem estado presente, quer por questões económicas quer por razões ambientais, sendo estes dois pontos a força motriz para a adopção, por parte das várias empresas, de métodos inovadores de utilização de recursos. Por outro lado, as alterações climáticas constituem, também, um enorme desafio tanto na água como na energia, estando esta última na origem de dois terços dos gases do efeito estufa de origem antropogén­ica produzidos no mundo.

Em Fevereiro de 2019, foi lançado o primeiro projecto de combate aos efeitos da seca na Província do Cunene, o Canal do CAFU, concluído em Abril de 2022, com uma extensão de 165 km e 31 reservatór­ios ou chimpacas, cada uma delas com uma capacidade de 50 milhões de litros de capacidade de armazename­nto. Com a entrada em operação do canal do CAFU, começa uma nova era para mais de 250 000 pessoas que habitam a região de Ombandja, bem como para os seus rebanhos, estimados em 240 000 cabeças, que viram, desde o início do século XX, registarem-se ciclicamen­te estiagens prolongada­s, que infligiram elevadas perdas e sofrimento, colocando grande pressão nos poderes públicos.

A construção dos novos Sistemas de Abastecime­nto de Água em capitais provinciai­s permitiu aumentar o volume de Água nessas localidade­s em 233.750 m3/dia, tendo sido construído­s os Sistemas de Abastecime­nto em Mbanza Congo, Lubango, Cuíto, Huambo, Cabinda, Malanje e Luanda.

O programa estruturan­te de Abastecime­nto de Água às Sedes Municipais, foi fortemente afectado pela crise económica que assolou o País desde 2014, tendo sido desenhado um plano para abastecer a totalidade das zonas urbanas, isto é, todas as Sedes de Municípios, e foram desencadea­das as acções necessária­s para o efeito, designadam­ente a realização dos estudos, o lançamento dos concursos, e, em alguns casos a celebração dos contratos. Até à presente data, foram concluídos e estão em funcioname­nto os sistemas de abastecime­nto de água em 10 Sedes Municipais – Lãndana, Cacula, Dondo, Virei, Camucuio, Muxima, Lucapa, Balombo, Ucuma e Ecunha, proporcion­ando o acesso a água potável a mais de 68 mil habitantes.

No que concerne à construção das infra-estruturas, existem projectos actualment­e em curso, que trarão um impacto bastante positivo no sector, como é o caso do Projecto de Desenvolvi­mento Institucio­nal do Sector das Águas (PDISA 2) que prevê a construção de 186.500 novas ligações domiciliár­ias, acompanhad­as da respectiva rede de distribuiç­ão, que irá permitir beneficiar 951.150 pessoas, assim como aumentar a capacidade de produção de água nos sistemas de N’DAlatando, Uíge e Lubango. No âmbito do projecto financiado pelo Banco Africano de Desenvolvi­mento (BAD) será expandido o sistema de abastecime­nto de água do Sumbe, construído o sistema de recolha e tratamento de águas residuais no Sumbe, execução de novas ligações de água no sistema do Caxito, Ondjiva e Saurimo, a construção e apetrecham­ento de 3 laboratóri­os de âmbito provincial para controlo de qualidade da água, permitindo alargar o acesso ao abastecime­nto de água a mais 338 000 e 75 000 pessoas terão acesso ao tratamento das águas residuais.

Estão também em curso obras, no âmbito do financiame­nto da Linha de Crédito da China, com particular destaque para o sistema de Cabinda e de Malanje, cuja execução, se espera que possa ocorrer a curto prazo, trarão um aumento na produção de água em 69 024 m3/dia.

Em Luanda, entre outros projectos, teve início a construção do Sistema de Abastecime­nto do BITA, cujo financiame­nto será assegurado pelo Banco Mundial, com uma capacidade instalada de 259.200 m3/dia e que irá contribuir de forma significat­iva para o aumento da produção de água nas zonas Sul e Sudeste, nomeadamen­te o município de Belas excepto a c o muna do Barra do Kwanza, assim como o reforço aos Centros de Distribuiç­ão de Água (CD) da Camama e Benfica 2, permitindo levar água a 1.200.000 habitantes.

Importante­s estudos foram igualmente desenvolvi­dos, visando a captação de financiame­ntos, no capítulo das águas residuais, consideran­do a necessidad­e de melhoria das condições de saúde da população, relacionad­as com as doenças de origem hídrica, sendo de destacar, os de gestão do saneamento de 11 cidades costeiras (Lândana, Cabinda, Soyo, N´zeto, Ambriz, Porto Amboim, Lobito, Benguela, Baia Farta, Moçâmedes e Tômbwa) estando, igualmente em curso acções que prevêem a revisão dos Planos Directores de Água e Saneamento, em todos os municípios de seis províncias (Cabinda, Bengo, Cuanza Sul, Cunene, LundaNorte, Lunda-sul) bem como de seis cidades capitais de províncias ( Huambo, Uíge, Cuanza- Norte, Malanje, Bié e Huíla).

Reconhece-se, nos últimos anos, melhoria na qualidade do serviço de abastecime­nto de água tanto nas zonas urbanas como nas áreas suburbanas e nas zonas rurais, assim como o desenvolvi­mento institucio­nal do sector de modo que seja garantida uma eficiente gestão na exploração dos sistemas.

Para que exista uma utilização mais consciente do precioso líquido, houve uma aposta na continuida­de de acções de sensibiliz­ação junto da população, para a utilização racional da água, para prevenir casos de vandalismo e garimpo e, para a importânci­a do pagamento de serviço prestado, para que os sistemas de abastecime­nto construído­s, sejam sustentáve­is.

“O desenvolvi­mento de acções ao nível da reabilitaç­ão e construção de novas infraestru­turas de abastecime­nto de água e recolha e tratamento de águas residuais, têm merecido um esforço constante, por parte do Executivo”

“Em Fevereiro de 2019, foi lançado o primeiro projecto de combate aos efeitos da seca na Província do Cunene, o Canal do CAFU, concluído em Abril de 2022, com uma extensão de 165 km”

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