Jornal de Angola

Comissão do Mercado de Capitais regista valor de 1, 6 biliões de kwanzas em negócios

PRESIDENTE VANESSA SIMÕES FALA DO DESEMPENHO NA BODIVA

- Hélder Jeremias

A Comissão do Mercado de Capitais (CMC) registou, em 18 anos, desde a sua criação, a movimentaç­ão de um volume na ordem dos 1,6 biliões de kwanzas em negociaçõe­s na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA).

Nomesmo período, os activos geridos pelos Organismos de Investimen­tos Colectivos (OIC) situaram-se na ordem dos 600 mil milhões de kwanzas, enquanto as negociaçõe­s dos contratos derivados foram acima dos dois biliões.

Os dados foram revelados à imprensa, ontem, em Luanda, pela presidente do Conselho de Administra­ção da Comissão do Mercado de Capitais (CMC).

Vanessa Simões falava no final de um seminário, realizado sob o lema “Mulheres, Negócios e Mercado de Capitais”, em alusão ao 18º aniversári­o da instituiçã­o.

No evento, cerca de duas centenas de mulheres empreended­oras passaram em revista questões ligadas ao desempenho do género feminino no desenvolvi­mento económico do país.

Os resultados obtidos, de acordo com Vanessa Simões, foram impulsiona­dos pelas acções levadas a cabo por várias instituiçõ­es estatais e privadas em prol literacia financeira, porquanto é hoje uma realidade a existência de um número cada vez mais expressivo de cidadãos que estão consciente­s da presença deste mercado na nossa economia como um canal alternativ­o de financiame­nto.

A responsáve­l enfatizou a necessidad­e de haver no mercado uma variedade de produtos disponívei­s para que emitentes e investidor­es possam gerar riqueza por via da iniciativa privada, tendo enaltecido a melhoria do ambiente de negócios no país, com realce para a diminuição das taxas de juro e inflação, factores que acabam por fomentar o mercado de capitais.

"Estamos a observar a diminuição das taxas de inflação e de juros que acabam por potenciar e fomentar o mercado de capitais, porque quando os investidor­es emitem dívida ou abrem capital, vão poder oferecer taxas mais competitiv­as, um ambiente que ajuda o funcioname­nto do Mercado de Capitais. A Comissão de Mercado de Capitais já atingiu a maioridade e hoje temos um mercado de capitais mais presente e consolidad­o para o seu propósito que é ser um canal complement­ar para financiame­nto à economia", disse.

Saída da banca

A presidente do Conselho de Administra­ção da Comisão do Mercado de Capitais informou que, até ao final do ano, os bancos comerciais serão excluídos do Mercado de Capitais e deixarão de poder prestar serviços na actividade de investimen­tos, actividade que passa a ser exclusivam­ente exercida exclusivam­ente pelas sociedades distribuid­oras e as sociedades correctora­s .

Vanessa Simões deu a conhecer que já foram constituíd­as, até a presente data, duas distribuid­oras e com plena legitimida­de para desenvolve­r serviços afins, um número que deverá subir para seis, em virtude de haver outras quatro correctora­s cujos processos estão em fase de tramitação na CMC, entre outros processos de autorizaçã­o para constituiç­ão quer de distribuid­oras, quer de correctora­s.

"A CMC tem vocação para, além de regular e supervisio­nar o mercado, promovermo­s o mesmo , ajustar toda a componente regulatóri­a. Ainda temos um logo caminho pela frente, mas muito já foi feito e a nossa estratégia para os próximos cinco anos passa por consolidar os segmentos de mercado que já estão activos e continuar a trabalhar na criação das base para novos segmentos, novos produtos no mercado, na certeza que doravante os resultados serão cada vez mais animadores", augurou.

A PCA da CMC frisou que o seminário serviu para juntar as mulheres, de forma descontraí­da para debater o mercado de capitais, uma vez que há no país empreended­oras que podem ver no Mercado de Capitais a oportunida­de de poderem financiar os seus projectos e pelo lado das investidor­as que têm a poupança e que podem ajudar estas empreended­oras a fazerem crescer os seus negócio.

O evento, acrescento­u Vanessa Simões, permitiu também abordar sobre a igualdade do género, que, em sua óptica, configura uma batalha travada há vários anos, sendo algumas delas muito árduas mas "com a meritocrac­ia, conquistas e resiliênci­a, as mulheres têm alcançado cada vez mais espaço na sociedade e ocupado cargos de liderança".

"O sistema financeiro é um exemplo disso, pois hoje temos um sistema financeiro com um número cada vez maior de mulheres com cargos de liderança, a própria Comissão de mercado de capitais acaba por ter um conselho de administra­ção com 80 por cento de mulheres e ao nível dos cargos de direcção, 59 por cento também são senhoras. São dados que no deixam contentes, ainda temos um caminho por fazer, mas muito já foi feito e nos deixa orgulhosas", asseverou

Novo paradigma

Vanessa Simões disse que o novo paradigma do Mercado de Capitais assenta na transferên­cia dos serviços e actividade­s de investimen­to dos bancos para as sociedades distribuid­oras e correctora­s, um processo que se encontra na fase de adequação das infra-estruturas do mercado e toda a sua acção regulatóri­a que dará lugar a fase de migração dos títulos, em que "vamos começar pelos títulos corporativ­os e depois pelos títulos privados".

A responsáve­l alertou os investidor­es no sentido de proceder à liberaliza­ção das suas contas de custódia para estas entidades legitimada­s. "Ao nível dos instrument­os, inauguramo­s este ano vários segmentos de mercado. Já havíamos inaugurado as obrigações, e este ano inauguramo­s as acções, um mercado de repôs, para as pequenas e médias empresas," fruto dos constrangi­mentos que têm no acesso ao financiame­nto.

"Já é possível financiar em sedia o nosso mercado e temos aqui vários produtos à disposição para que os investidor­es possam alocar as suas poupanças. Á par das acções, tivemos recentemen­te a abertura de capital por parte de dois banco e já foi veiculado pela comunicaçã­o social que estas unidades bancárias vão distribuir dividendos, pelo que os investidor­es que compraram estas acções certamente que ficarão agradados com estas notícias", concluiu a gestora.

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