Presidente Macky Sall nega confirmar candidatura
Sem desfazer as dúvidas sobre se tenciona concorrer a um terceiro mandato, o Chefe de Estado senegalês defende que, se o fizer, não estará a violar as normas
do Senegal, Macky Sall, rejeitou, ontem, as alegações de que seria inconstitucional concorrer a um terceiro mandato, recusando-se a confirmar se planeia fazê-lo.
A oposição alega que a Constituição do Senegal proíbe Sall - que foi eleito em 2012 e reeleito em 2019 - de concorrer novamente na próxima eleição, marcada para Fevereiro de 2024. Num clima político cada vez mais tenso, a oposição alegou repetidamente que Sall pretende anular a Constituição para fazê-lo.
A Constituição do Senegal foi revista em 2016 para encurtar os mandatos presidenciais de sete para cinco anos e estabelece que “ninguém pode exercer mais de dois mandatos consecutivos”. Mas, em entrevista à revista francesa L'express publicada online, Sall argumentou que, quando o Conselho Constitucional foi consultado antes da revisão, considerou que o seu primeiro mandato estava fora da reforma. “Legalmente falando, o debate está resolvido há muito tempo”, disse na entrevista citada pela AFP. “Agora, se devo concorrer a um terceiro mandato ou não? É um debate político, admito.”
Na mesma entrevista, Sall disse que “ainda não dei a minha resposta. Tenho uma agenda, um trabalho a fazer. Quando chegar a altura, darei a conhecer a minha posição, primeiro aos meus apoiantes, depois ao povo senegalês”. Sall também falou sobre o seu principal adversário político, Ousmane Sonko, que actualmente enfrenta dois processos judiciais que podem ameaçar a sua elegibilidade para a eleição. Sall acusou Sonko de “manipular” às ruas.
“Um indivíduo não pode bloquear a capital, Dakar, sob o único pretexto de que ele é convocado para o tribunal”, disse o Presidente senegalês. “Se o Senegal não fosse uma democracia genuína, acredite, o seu destino teria sido resolvido há mui t o t empo”. Quando questionado sobre a possibilidade de mais distúrbios, o Presidente alertou: “Uma coisa é certa: aqueles que pensam que podem intimidar o Governo e bloquear a justiça estão a iludir-se”.
Entretanto, a audiência do principal líder da oposição, Ousmane Sonko, que estava marcada para sexta-feira, foi adiada para 30 de Março. À porta do tribunal, estava um forte aparato policial que teve dificuldade em controlar uma enorme multidão, tendo mesmo de recorrer a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, segundo revelou, ontem, a AFP.