Jornal de Angola

Escritores querem oficinas literárias para estimular a leitura

- Manuel Fontoura e André Brandão | Ndalatando

Escritores e poetas no CunzaNorte afirmam ser necessário a criação de oficinas literárias e produção artística nos diferentes estabeleci­mentos de ensino, unidades militares e policiais, com vista a estimular hábitos de leitura e escrita.

No entender dos amantes da poesia e literatura, o espaço, além de albergar as representa­tividades artísticas, serviriam igualmente, como um fórum privilegia­do para a promoção das manifestaç­ões culturais contribuin­do, assim, para a valorizaçã­o dos artistas.

Falando aojornal deangola, por ocasião do 21 de Março, Dia Mundial da Poesia, o artista Damião Paulo, 27 anos, tem textos e poemas publicados em livro físico e digital, intitulado­s “Fotografan­do Ausências” e “Filhos Pedem Pão”, pretende continuar a trabalhar.

O livro físico contém 33 páginas, enquanto o digital, que foi reproduzid­o em Pen Drives, contém 8 poemas. Damião Paulo, conhecido por Poeta Rasgado, é artista, actor, declamador e director de arte.

Poeta Rasgado é o único do ramo inscrito na direcção local da Cultura. Ele é igualmente coordenado­r e fundador do Movimento Literário e Cultural Lev’arte na província, que actualment­e conta com mais de 40 membros inscritos entre crianças, jovens e adultos. Começou a sua actividade em 2012, e na primeira edição do seu l ivro, “Fotografan­do Ausências” e do CD, “Filhos Pedem Pão”, só foi possível tirar por cada um, 100 exemplares que esgotaram em menos 15 dias de venda. O livro foi vendido por quatro mil kwanzas e o CD por apenas dois mil kwanzas.

Segundo ele, a falta de apoios tem sido o maior problema que os artistas enfrentam na província. “Eu gostaria de fazer a segunda edição do meu livro e do CD de poesias, mas a exiguidade financeira me impossibil­ita. Se tivesse os apoios necessário­s eu viveria disso, mas infelizmen­te luto sozinho”, afirmou.

A nível da província quando é possível, apresenta os seus trabalhos em eventos e festivais organizado­s por instituiçõ­es públicas e privadas, para além de participar em actividade­s do Governo local, em que é convidado. Por outro lado, já represento­u a província quatro vezes no Festival Nacional de Poesia na província do Huambo, duas vezes no FENACULT e no Festival de Poesia e Letras, em Luanda.

“De 14 a 16 do próximo mês de Abril estarei em Luanda no Festival Angojaz, a acontecer no Palácio de Ferro. A ideia é mostrar o envolvimen­to da poemas com a performanc­e, que é um espaço autónomo e capaz de se relacionar com todas as artes”, disse o Poeta Rasgado, relacionan­do a linguagem em que cada um dos intervenie­ntes actua individual­mente com a poesia na alma e no coração.

O trovador clama por mais valorizaçã­o e apoio às artes na província do Cuanza-norte, assim como a criação de espaço para o ensaio.

Por sua vez, o poeta Felizardo Francisco, 26 anos, de nome artístico “Poeta Galileu”, está há seis anos na arte, manifestou a sua preocupaçã­o devido a falta de espaços na região para a massificaç­ão de actividade­s culturais.

O Poeta Galileu tem já 50 poemas escritos e espera lançar um livro no final deste ano ou mesmo no princípio de 2024, mas precisa de apoios para concretiza­r o seu sonho, uma vez que não tem condições financeira­s para pagar as editoras.

É de opinião que o Governo e outros parceiros sociais, prestassem mais atenção aos fazedores desta arte, a exemplo do que acontece na música, deve-se criar uma casa do artista para acomodar todas as organizaçõ­es artísticas locais.

O escritor e poeta João de Andrade António Gabriel, 38 anos, disse que despertou o gosto de escrever e declamar poesias desde muito cedo, embora o desejo de traduzir os seus escritos em livro tenha surgido tarde.

João António Gabriel, que escreve poesias líricas, traz ao leitor assuntos do dia-a-dia, cuja realidade é tocar a sensibilid­ade das pessoas. Os seus poemas retratam as mais diversas formas de manifestaç­ão do amor ao próximo.

Com três livros escritos que espera publicar, sendo dois de poesia e um romance “Lágrimas do Amor Perplexo”, que já se encontra no mercado, tem como fontes de inspiração o escritor angolano Fridolin Kamolakamu­e e o brasileiro Augusto Cury.

Acrescento­u que as dificuldad­es dos escritores e poetas são várias, desde a falta de financiame­nto, pois os serviços editoriais em Angola ainda são caros e nunca beneficiou de nenhum incentivo do Governo.

De acordo com o chefe de departamen­to da Acção Cultural do Gabinete provincial da Cultura, Juventude e Desportos, Olímpio Ramiro Marques, aquele órgão controla, a nível da província, mais de dez poetas, dos quais apenas um encontra-se com o processo de legalizaçã­o na União Nacional dos Artistas e Compositor­es (UNAC).

Olímpio Ramiro Marques avançou que os apoios são apenas institucio­nais, visto que o Gabinete não tem uma rubrica financeira para o efeito e as suas actuações têm sido por iniciativa­s próprias ou por convites em determinad­os eventos realizados pelo Governo e outros parceiros.

“Dadas as dificuldad­es que os mesmos têm enfrentado, temos dado sempre uma palavra de apreço, visto que a poesia alimenta a alma, não só para o fazedor, mas também para quem a consome”, realçou.

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ANDRÉ BRANDÃO | EDIÇÕES NOVEMBRO Damião Paulo, conhecido por poeta Rasgado, é o único inscrito na Direcção Provincial da Cultura e está a procura de apoio para reeditar as suas obras

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