Escritores querem oficinas literárias para estimular a leitura
Escritores e poetas no CunzaNorte afirmam ser necessário a criação de oficinas literárias e produção artística nos diferentes estabelecimentos de ensino, unidades militares e policiais, com vista a estimular hábitos de leitura e escrita.
No entender dos amantes da poesia e literatura, o espaço, além de albergar as representatividades artísticas, serviriam igualmente, como um fórum privilegiado para a promoção das manifestações culturais contribuindo, assim, para a valorização dos artistas.
Falando aojornal deangola, por ocasião do 21 de Março, Dia Mundial da Poesia, o artista Damião Paulo, 27 anos, tem textos e poemas publicados em livro físico e digital, intitulados “Fotografando Ausências” e “Filhos Pedem Pão”, pretende continuar a trabalhar.
O livro físico contém 33 páginas, enquanto o digital, que foi reproduzido em Pen Drives, contém 8 poemas. Damião Paulo, conhecido por Poeta Rasgado, é artista, actor, declamador e director de arte.
Poeta Rasgado é o único do ramo inscrito na direcção local da Cultura. Ele é igualmente coordenador e fundador do Movimento Literário e Cultural Lev’arte na província, que actualmente conta com mais de 40 membros inscritos entre crianças, jovens e adultos. Começou a sua actividade em 2012, e na primeira edição do seu l ivro, “Fotografando Ausências” e do CD, “Filhos Pedem Pão”, só foi possível tirar por cada um, 100 exemplares que esgotaram em menos 15 dias de venda. O livro foi vendido por quatro mil kwanzas e o CD por apenas dois mil kwanzas.
Segundo ele, a falta de apoios tem sido o maior problema que os artistas enfrentam na província. “Eu gostaria de fazer a segunda edição do meu livro e do CD de poesias, mas a exiguidade financeira me impossibilita. Se tivesse os apoios necessários eu viveria disso, mas infelizmente luto sozinho”, afirmou.
A nível da província quando é possível, apresenta os seus trabalhos em eventos e festivais organizados por instituições públicas e privadas, para além de participar em actividades do Governo local, em que é convidado. Por outro lado, já representou a província quatro vezes no Festival Nacional de Poesia na província do Huambo, duas vezes no FENACULT e no Festival de Poesia e Letras, em Luanda.
“De 14 a 16 do próximo mês de Abril estarei em Luanda no Festival Angojaz, a acontecer no Palácio de Ferro. A ideia é mostrar o envolvimento da poemas com a performance, que é um espaço autónomo e capaz de se relacionar com todas as artes”, disse o Poeta Rasgado, relacionando a linguagem em que cada um dos intervenientes actua individualmente com a poesia na alma e no coração.
O trovador clama por mais valorização e apoio às artes na província do Cuanza-norte, assim como a criação de espaço para o ensaio.
Por sua vez, o poeta Felizardo Francisco, 26 anos, de nome artístico “Poeta Galileu”, está há seis anos na arte, manifestou a sua preocupação devido a falta de espaços na região para a massificação de actividades culturais.
O Poeta Galileu tem já 50 poemas escritos e espera lançar um livro no final deste ano ou mesmo no princípio de 2024, mas precisa de apoios para concretizar o seu sonho, uma vez que não tem condições financeiras para pagar as editoras.
É de opinião que o Governo e outros parceiros sociais, prestassem mais atenção aos fazedores desta arte, a exemplo do que acontece na música, deve-se criar uma casa do artista para acomodar todas as organizações artísticas locais.
O escritor e poeta João de Andrade António Gabriel, 38 anos, disse que despertou o gosto de escrever e declamar poesias desde muito cedo, embora o desejo de traduzir os seus escritos em livro tenha surgido tarde.
João António Gabriel, que escreve poesias líricas, traz ao leitor assuntos do dia-a-dia, cuja realidade é tocar a sensibilidade das pessoas. Os seus poemas retratam as mais diversas formas de manifestação do amor ao próximo.
Com três livros escritos que espera publicar, sendo dois de poesia e um romance “Lágrimas do Amor Perplexo”, que já se encontra no mercado, tem como fontes de inspiração o escritor angolano Fridolin Kamolakamue e o brasileiro Augusto Cury.
Acrescentou que as dificuldades dos escritores e poetas são várias, desde a falta de financiamento, pois os serviços editoriais em Angola ainda são caros e nunca beneficiou de nenhum incentivo do Governo.
De acordo com o chefe de departamento da Acção Cultural do Gabinete provincial da Cultura, Juventude e Desportos, Olímpio Ramiro Marques, aquele órgão controla, a nível da província, mais de dez poetas, dos quais apenas um encontra-se com o processo de legalização na União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC).
Olímpio Ramiro Marques avançou que os apoios são apenas institucionais, visto que o Gabinete não tem uma rubrica financeira para o efeito e as suas actuações têm sido por iniciativas próprias ou por convites em determinados eventos realizados pelo Governo e outros parceiros.
“Dadas as dificuldades que os mesmos têm enfrentado, temos dado sempre uma palavra de apreço, visto que a poesia alimenta a alma, não só para o fazedor, mas também para quem a consome”, realçou.