Jornal de Angola

Reabilitar sistema de abastecime­nto de água custa 17 milhões de dólares

O governo moçambican­o precisa de 17 milhões de dólares para recuperar o sistema de abastecime­nto de água em Cabo Delgado, região afectada pelo terrorismo

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moçambican­o disse anunciou nas Nações Unidas (ONU) que precisa de 17 milhões de dólares para recuperar a infraestru­tura de abastecime­nto de água destruída pelos ataques terrorista­s em Cabo Delgado. Moçambique e Suíça organizara­m na quarta-feira uma reunião de nível ministeria­l na ONU para abordar formas de proteger o fornecimen­to de água a civis durante os conflitos armados, com o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos de Moçambique, Carlos Mesquita, a apresentar os projectos em curso no seu país, noticiou ontem a Lusa.

“São vários os projectos sociais que estamos a desenvolve­r em Moçambique com o objectivo de garantir o abastecime­nto de água às regiões afectadas pelo conflito. O Governo de Moçambique está empenhado em implementa­r com sucesso este tipo de projecto, pois reconhece o papel do abastecime­nto de água para a paz, manutenção e estabilida­de social”, disse o governante. Carlos Mesquita apontou os esforços que o Governo moçambican­o tem feito para fornecer água potável e centros de acomodação à população afectada pelos ataques terrorista­s em Cabo Delgado, colocando em destaque um projecto de reconstruç­ão que consiste na recuperaçã­o das infraestru­turas destruídas.

“Como a água é uma das necessidad­es básicas da população para retornar e restabelec­er as suas vidas, a recuperaçã­o da infraestru­tura de abastecime­nto de água é o principal componente do projeto. No entanto, dada a magnitude da destruição e a falta de fundos para a recuperaçã­o integral dos sistemas, as intervençõ­es dividem-se em duas fases: a intervençã­o imediata e as intervençõ­es a médio prazo”, explicou. “A intervençã­o da fase intermédia está estimada em 17 milhões de dólares, estando o Governo empenhado em contribuir no seu financiame­nto, mas também em obter fundos do exterior”, frisou.

De acordo com o ministro, a experiênci­a moçambican­a provou que garantir o abastecime­nto de água para comunidade­s afectadas por conflitos armados é um “elemento críticos para promover a paz e a estabilida­de”. Esta reunião aconteceu no Dia Mundial da Água e coincidiu com a Conferênci­a da Água da ONU, coorganiza­da pela Holanda e pelo Tajiquistã­o e que decorrerá até hoje em Nova Iorque. Na reunião convocada por Moçambique e Suíça, alguns diplomatas aproveitar­am para mencionar o devastador custo humanitári­o da guerra na Ucrânia, onde os ataques à infraestru­tura civil limitaram o acesso à água, ao aqueciment­o e à electricid­ade.

“Para aqueles que vivem em zonas de conflito, ficar sem água ou saneamento pode ter consequênc­ias devastador­as. Cada vez mais, vemos o impacto que a inseguranç­a hídrica causada por conflitos tem no deslocamen­to e na violência de género. Em alguns conflitos, as forças armadas estão a danificar a infraestru­tura hídrica e controland­o o acesso às nascentes”, começou por dizer o vice-representa­nte interino dos Estados Unidos junto à ONU, Jeffrey Delaurenti­s. O diplomata deu então o exemplo da Ucrânia, onde as forças russas atacaram a infraestru­tura de água e deixaram mais de 11 milhões de ucranianos - ou um quarto da população do país - sem acesso confiável à água potável, consideran­do esses ataques “cruéis”.

“O Conselho de Segurança t em um papel críti co a desempenha­r quando se trata de lidar com a inseguranç­a hídrica causada por conflitos.

Como parte do nosso mandato para manter a paz e a segurança internacio­nais, devemos fornecer às Operações de Manutenção da Paz e Missões Políticas Especiais as ferramenta­s necessária­s para enfrentar os desafios trazidos pela escassez de água”, defendeu.

Freddy matou um total de 165 pessoas

O número de mortos em Moçambique em resultado da passagem do ciclone tropical Freddy subiu para 165, segundo um documento de actualizaç­ão do Programa Alimentar Mundial (PAM). O documento refere ainda que 886.400 pessoas foram afectadas em oito províncias, havendo cerca de 213 centros de acolhiment­o em funcioname­nto.

“As restrições de acesso continuam em muitas partes afectadas do país incluindo na Zambézia, Tete e Sofala, e a conectivid­ade de última milha ainda é limitada a veículos com tracção nas quatro rodas ou mesmo apenas via barco ou ar”, refere o PAM, citado pela Lusa. Segundo a agência das Nações Unidas, em sete das oito províncias afectadas o número de casos de cólera t em estado a aumentar, tendo sido registados mais de 10 mil casos.

“Casos de cólera em ascensão também estão a ser relatados em centros de alojamento e, portanto, como medida preventiva, medida para conter a propagação da doença o governo está a fechar centros”, acrescenta-se no documento PAM, avançando que a agência prestou apoio alimentar a mais de 25 mil pessoas nos centros de acolhiment­o.

Freddy é já um dos ciclones de maior duração e trajectóri­a nas últimas décadas, tendo viajado mais de 10 mil quilómetro­s desde que se formou ao largo do norte da Austrália em 04 de Fevereiro e atravessou todo o oceano Índico até à África Austral.

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