China quer inovar ideias na cooperação com África
Gigante asiático reiterou ajuda aos países africanos na melhoria das infra-estruturas e consolidação das bases para a industrialização
A Repúblicapopular da China quer inovar as ideias de cooperação e diversificar os modelos de relação bilateral com os países africanos, revelou, em Pequim, Wu Peng, director-geral do Departamento de Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Ao discursar quarta-feira durante o seminário subordinado ao tema “Promoção do Desenvolvimento da Cadeia Industrial Africana e Aumento do Valor Agregado dos Produtos Africanos”, enquadrado no Fórum de Cooperação ChinaÁfrica, o responsável destacou o relatório sobre o volume do investimento chinês em África.
Wu Peng afirmou, perante uma plateia de diplomatas, empresários e jornalistas africanos, que a China investiu mais de 120 biliões de dólares em financiamentos no continente negro, tendo este investimento servido para “ajudar os países africanos a melhorar infra-estruturas e consolidar as bases para a industrialização”.
O Fundo de Desenvolvimento China- África e o Fundo de Cooperação de Capacidade de Produção China-áfrica, disse, impulsionou a disponibilidade de dezenas de biliões de dólares americanos para o investimento em “projectos não industriais e de capacidade de produção”.
O gigante asiático, de acordo ainda com o responsável para os Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, criou uma “Expo Económica e Comercial China-áfrica”, que serviu de “canal verde” para a exportação de pro
dutos agrícolas.
Por outro lado, revelou que a China promoveu a cooperação em economia digital, com a realização do "Festival de Compras On-line de Mercadorias Africanas", de forma a facilitar a entrada no mercado chinês de produtos "Made in África”.
Sustentou ainda que, fruto da relação China-áfrica, foram criados mecanismos de cooperação para capacidade de produção com 15 países africanos e a construção de mais de 20 parques industriais, com mais de 3.500 empresas chinesas no continente berço, num investimento de mais de 56 biliões de dólares.
“A China tornou-se no
segundo maior exportador de produtos agrícolas para países africanos”, sublinhou, Wu Peng, para em seguida acrescentar que as empresas chinesas fizeram, igualmente, investimentos não agrícolas em 35 países.
“Maisde350tiposdeprodutos agrícolas e alimentos africanos podemsercomercializadoscom a China”, explicou.
Nova era na cooperação
O director-geral do Departamento de Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China anunciou que a relação de cooperação com os países africanos observa uma “na nova era”, que deve
obrigar a adesão das partes “aos princípios de orientação governamental, propriedade empresarial, operação de mercado e avanços na política, indústria e capital humano”.
Congratulou-se com o facto de um número crescente de países africanos ter estabelecido os “rudimentos e fundações de indústrias em mineração de energia, indústria leve e electrodomésticos", bem como em outras áreas que permitiram proporcionar receitas em divisas com exportações.
Citou, a título de exemplo, o facto de na indústria da cerâmica de construção 16 empresas chinesas terem investido e construído mais de 51 linhas de produção em África, com uma capacidade total de produção diária de 800 mil metros quadrados, com uma cadeia industrial com a cobertura de cerca de 10 países africanos.
“A visão da Cooperação para 2035, emitida na 8ª Conferência Ministerial do Fórum de Cooperação China-áfrica estabelece claramente que a China e a África vão cooperar na melhoraria do sist e ma d e fabricação, promoção de produtos e marcas africanas e integrá-los no mercado industrial internacional e cadeias de suprimentos", elucidou Wu Peng.
Tais políticas, segundo o responsável, apontam para o futuro de uma cooperação China- Áfri c a virada para promover a industrialização e o desenvolvimento sustentável em África. Mas, para tal, referiu, as partes precisam de adoptar uma abordagem sistemática e holística.
“Precisamos de estar focados no desenvolvimento da cadeia industrial e fortalecer sinergias de vários factores”, realçou, apelando ao fortalecimento da construção de infra-estruturas necessárias para a produção em grande escala, como redes ferroviárias, rodovias, energia eléctrica e construção de parques industriais para atrair investimentos industriais e “fortalecer a força motriz interna para o desenvolvimento independente da África”.
Destacou, a finalizar, a importância de "ensinar as pessoas a pescar", aumentar o intercâmbio e a transferência tecnológica com a África, ajudar o continente berço da Humanidade a formar profissionais e aproveitar melhor o "dividendo demográfico".