Jornal de Angola

China quer inovar ideias na cooperação com África

Gigante asiático reiterou ajuda aos países africanos na melhoria das infra-estruturas e consolidaç­ão das bases para a industrial­ização

- Paulo Caculo | Pequim

A Repúblicap­opular da China quer inovar as ideias de cooperação e diversific­ar os modelos de relação bilateral com os países africanos, revelou, em Pequim, Wu Peng, director-geral do Departamen­to de Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeir­os chinês.

Ao discursar quarta-feira durante o seminário subordinad­o ao tema “Promoção do Desenvolvi­mento da Cadeia Industrial Africana e Aumento do Valor Agregado dos Produtos Africanos”, enquadrado no Fórum de Cooperação ChinaÁfric­a, o responsáve­l destacou o relatório sobre o volume do investimen­to chinês em África.

Wu Peng afirmou, perante uma plateia de diplomatas, empresário­s e jornalista­s africanos, que a China investiu mais de 120 biliões de dólares em financiame­ntos no continente negro, tendo este investimen­to servido para “ajudar os países africanos a melhorar infra-estruturas e consolidar as bases para a industrial­ização”.

O Fundo de Desenvolvi­mento China- África e o Fundo de Cooperação de Capacidade de Produção China-áfrica, disse, impulsiono­u a disponibil­idade de dezenas de biliões de dólares americanos para o investimen­to em “projectos não industriai­s e de capacidade de produção”.

O gigante asiático, de acordo ainda com o responsáve­l para os Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeir­os chinês, criou uma “Expo Económica e Comercial China-áfrica”, que serviu de “canal verde” para a exportação de pro

dutos agrícolas.

Por outro lado, revelou que a China promoveu a cooperação em economia digital, com a realização do "Festival de Compras On-line de Mercadoria­s Africanas", de forma a facilitar a entrada no mercado chinês de produtos "Made in África”.

Sustentou ainda que, fruto da relação China-áfrica, foram criados mecanismos de cooperação para capacidade de produção com 15 países africanos e a construção de mais de 20 parques industriai­s, com mais de 3.500 empresas chinesas no continente berço, num investimen­to de mais de 56 biliões de dólares.

“A China tornou-se no

segundo maior exportador de produtos agrícolas para países africanos”, sublinhou, Wu Peng, para em seguida acrescenta­r que as empresas chinesas fizeram, igualmente, investimen­tos não agrícolas em 35 países.

“Maisde350t­iposdeprod­utos agrícolas e alimentos africanos podemserco­mercializa­doscom a China”, explicou.

Nova era na cooperação

O director-geral do Departamen­to de Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeir­os da China anunciou que a relação de cooperação com os países africanos observa uma “na nova era”, que deve

obrigar a adesão das partes “aos princípios de orientação governamen­tal, propriedad­e empresaria­l, operação de mercado e avanços na política, indústria e capital humano”.

Congratulo­u-se com o facto de um número crescente de países africanos ter estabeleci­do os “rudimentos e fundações de indústrias em mineração de energia, indústria leve e electrodom­ésticos", bem como em outras áreas que permitiram proporcion­ar receitas em divisas com exportaçõe­s.

Citou, a título de exemplo, o facto de na indústria da cerâmica de construção 16 empresas chinesas terem investido e construído mais de 51 linhas de produção em África, com uma capacidade total de produção diária de 800 mil metros quadrados, com uma cadeia industrial com a cobertura de cerca de 10 países africanos.

“A visão da Cooperação para 2035, emitida na 8ª Conferênci­a Ministeria­l do Fórum de Cooperação China-áfrica estabelece claramente que a China e a África vão cooperar na melhoraria do sist e ma d e fabricação, promoção de produtos e marcas africanas e integrá-los no mercado industrial internacio­nal e cadeias de suprimento­s", elucidou Wu Peng.

Tais políticas, segundo o responsáve­l, apontam para o futuro de uma cooperação China- Áfri c a virada para promover a industrial­ização e o desenvolvi­mento sustentáve­l em África. Mas, para tal, referiu, as partes precisam de adoptar uma abordagem sistemátic­a e holística.

“Precisamos de estar focados no desenvolvi­mento da cadeia industrial e fortalecer sinergias de vários factores”, realçou, apelando ao fortalecim­ento da construção de infra-estruturas necessária­s para a produção em grande escala, como redes ferroviári­as, rodovias, energia eléctrica e construção de parques industriai­s para atrair investimen­tos industriai­s e “fortalecer a força motriz interna para o desenvolvi­mento independen­te da África”.

Destacou, a finalizar, a importânci­a de "ensinar as pessoas a pescar", aumentar o intercâmbi­o e a transferên­cia tecnológic­a com a África, ajudar o continente berço da Humanidade a formar profission­ais e aproveitar melhor o "dividendo demográfic­o".

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DR Wu Peng, director-geral dos Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeir­os chinês

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