Jornal de Angola

Uma homenagem às vítimas do comércio de escravos

- António Guterres |* *Secretário-geral da ONU

Hoje prestamos homenagem às vítimas do tráfico transatlân­tico de escravos. O empreendim­ento maligno da escravidão durou mais de 400 anos. Milhões de crianças, mulheres e homens africanos foram traficados através do Atlântico, arrancados de suas famílias e terras natais – suas comunidade­s dilacerada­s, seus corpos mercantili­zados, sua humanidade negada.

A história da escravidão é uma história de sofrimento e barbárie que mostra o pior da humanidade. Mas também é uma história de coragem inspirador­a que mostra os seres humanos no seu melhor – começando com pessoas escravizad­as que se levantaram contra probabilid­ades impossívei­s e estendendo-se aos abolicioni­stas que se manifestar­am contra esse crime atroz.

Ainda assim, o legado do comércio transatlân­tico de escravos nos persegue até hoje. Podemos traçar uma linha recta desde os séculos de exploração colonial até as desigualda­des sociais e económicas de hoje. E podemos reconhecer os tropos racistas populariza­dos para racionaliz­ar a desumanida­de do tráfico de escravos no ódio da supremacia branca que ressurge hoje.

Cabe a todos nós lutar contra o legado de racismo da escravidão. A arma mais poderosa do nosso arsenal é a educação — tema da comemoraçã­o deste ano. Ao ensinar a história da escravidão, ajudamos a nos proteger contra os impulsos mais perversos da humanidade.

Ao estudar as suposições e crenças que permitiram que a prática florescess­e por séculos, desvendamo­s o racismo de nosso tempo. E ao homenagear as vítimas da escravidão, nós restauramo­s alguma medida de dignidade para aqueles que foram impiedosam­ente despojados dela.

Hoje e todos os dias, vamos nos unir contra o racismo e juntos construir um mundo no qual todos, em todos os lugares, possam viver com liberdade, dignidade e direitos humanos.

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