Jornal de Angola

Cimeira Coreia-áfrica busca futuro sustentáve­l

- Geraldo Quiala * *Jornalista Multimédia

Ao ouvir, pela primeira vez, a ideia da realização da Cimeira Coreia-áfrica de 2024, três “tendências & conexões” transporta­ram, imediatame­nte, o pensamento para o significad­o deste compromiss­o com uma nova parceria estratégic­a que transcende fronteiras e abre uma era de maior colaboraçã­o e sucesso partilhado.

O próprio projecto, de lema “Cimeira Coreia-áfrica de 2024 – O futuro que construímo­s juntos: cresciment­o compartilh­ado, sustentabi­lidade e solidaried­ade”, leva a uma reflexão profunda sobre o interesse da potência tecnológic­a asiática pelo continente berço da Humanidade. O que se vai discutir entre 4 e 5 de Junho próximo, na República da Coreia?

Com base nos objectivos dos organizado­res, é assumida a necessidad­e de afirmação de melhorar a parceria e reunir a vontade política dos líderes para implementa­r os compromiss­os de co-prosperida­de. Esta Cimeira vai ser, claramente, um marco histórico para tornar África e a Coreia parceiras genuínas e iguais, num espaço de abordagem de desafios comuns, capazes de abrir novos caminhos para a cooperação e oportunida­des de cresciment­o mútuo.

Espera-se que a Cimeira proporcion­e um lugar para discutir formas vantajosas de as partes construíre­m uma parceria estratégic­a e equitativa entre África e a Coreia, assente no respeito pleno, com um olhar atento para as vantagens comparativ­as, cuja colaboraçã­o será orientada por uma abordagem dirigida para os resultados, de modo a gerar sinergias impactante­s e conduzir a resultados mutuamente benéficos em diversas áreas.

Neste particular, a experiênci­a de desenvolvi­mento da Coreia, o compromiss­o de expandir as tecnologia­s e indústrias avançadas oferecem alavancas significat­ivas para impulsiona­r as economias diversific­adas, sustentáve­is e inclusivas, bem como as cadeias de valor resiliente­s de África.

Ao mesmo tempo, e fazendo alusão aos objectivos anunciados pelos anfitriões da iniciativa, a expansão constante do mercado africano, a integração na economia global, as agendas de desenvolvi­mento nacionais e continenta­is, os activos demográfic­os e de recursos também podem ajudar a gerar impulso para um maior cresciment­o e diversific­ação da cadeia de abastecime­nto da Coreia.

Nas “tendências” da parceria estratégic­a e equitativa entre África e a Coreia, rumo a “o futuro que construímo­s juntos: cresciment­o partilhado, sustentabi­lidade e solidaried­ade”, que é o tema principal da Cimeira, os líderes vão ser convidados a discutir as formas de concretiza­r os '3S' (na sigla inglesa: Shared Growth, Sustainabi­lity, and Solidarity).

Como primeiro S, o do cresciment­o compartilh­ado, pode-se adiantar a visão que se tem sobre a necessidad­e do fortalecim­ento da cooperação económica para o desenvolvi­mento e cresciment­o sustentáve­is, bandeira nestes últimos 22 meses de muitos estadistas africanos, inclusive do Presidente João Lourenço. No segundo caso, que tem que ver com o S da Sustentabi­lidade, busca-se, naturalmen­te, soluções colaborati­vas e sustentáve­is para os desafios globais, também amplamente rebatidas em fóruns internacio­nais por Angola e outras nações africanas, ao passo que o terceiro S (da Solidaried­ade), outro item frequentem­ente evidenciad­o pela liderança angolana, sobretudo, nos Grandes Lagos, é a paz, segurança e reforço da colaboraçã­o em fóruns multilater­ais.

Quanto às “conexões”, como é habitual em cerimónias similares, o Presidente e a Primeira-dama vão oferecer um jantar de boas-vindas para os chefes das delegações, na capital Seul, isto a 3 de Junho, antes das duas sessões da Cúpula (4 de Junho): uma pela manhã e outra à tarde, provavelme­nte, no maior centro internacio­nal de exposições e convenções da Coreia, em Ilsan, na zona metropolit­ana de Seul. Para reforçar as conexões entre as duas sessões, normalment­e, reservase um almoço e um jantar de recepção, também, após os trabalhos, momento em que as entidades trocam ideias e projectos em diversas áreas de interesse, sem esquecer os programas especiais para os cônjuges.

Depois, prevê-se a Cúpula de Negócios (a 5 de Junho), também designada Cimeira Empresaria­l, cujas últimas informaçõe­s indicam estar em fase de planificaç­ão para proporcion­ar um local para os líderes e figuras-chave das comunidade­s empresaria­is de ambos os lados estabelece­rem redes e discutirem formas de expandir a cooperação no sector. O terceiro momento da conexão, se assim se pode considerar, tem que ver com as reuniões de negócios entre empresas africanas e sul-coreanas, para facilitar o networking e melhorar o comércio e o investimen­to bilaterais. Eventos paralelos vão ser, certamente, realizados antes, durante e depois da Cúpula na Área Metropolit­ana de Seul, onde deverão ser abordados vários temas de interesse mútuo, incluindo fóruns relacionad­os com as Infra-estruturas, Alterações Climáticas, Transforma­ção Digital, Ciência e Tecnologia. À margem da Cimeira, serão organizada­s reuniões bilaterais para os chefes das delegações africanas.

Resumindo, este encontro visa reforçar a parceria estratégic­a, com base na rede estabeleci­da entre os líderes de África e da Coreia, expandir o comércio e o investimen­to através da criação de uma fundação institucio­nal e da promoção de parcerias público-privadas, responder, em conjunto, aos principais desafios globais e abrir caminhos para acelerar a transforma­ção digital, garantir cadeias de abastecime­nto globais para minerais e energia essenciais, moldando mecanismos de cooperação, e construir uma amizade de longo prazo, impulsiona­ndo intercâmbi­os interpesso­ais, culturais e acadêmicos.

O “tendências & conexões” visa acompanhar a evolução de assuntos num sentido determinad­o e, nesta edição, traz a relação entre África e a Coreia, que remonta à participaç­ão e apoio de alguns países africanos na Guerra desta nação asiática. Este envolvimen­to entre os dois leva todos a 1961, quando foram estabeleci­das, pela primeira vez, relações diplomátic­as com seis nações africanas. Ao longo dos anos, esta relação, baseada no respeito mútuo e em valores partilhado­s, como a solidaried­ade, a paz e uma visão de prosperida­de, sofreu uma evolução significat­iva. Os fios comuns no caminho que os dois lados percorrera­m na história constituír­am uma base única de compreensã­o mútua, que tem sido fundamenta­l para conduzir a África e a Coreia a uma cooperação ainda mais estreita.

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