Jornal de Angola

Boas novas para o corredor logístico Luanda-kinshasa-cabinda

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Autoridade­s de Angola e da RDC têm agendado para hoje, 16, a realização de um encontro que visa, fundamenta­lmente, abordar a questão da greve dos camionista­s angolanos no corredor logístico Luanda-kinshasa-cabinda, motivada pela recorrente questão das discrepânc­ias no valor da taxa aduaneira cobrada pelas autoridade­s congolesas, na ordem de 4 mil dólares americanos, contra os 50 dólares pagos no sentido inverso.

Do encontro emerge,- e talvez disso derivou a medida unilateral dos camionista­s angolanos supenderem a greve-, a esperança de que as negociaçõe­s sejam coroadas pela concepção de um pacote de medidas de harmonizaç­ão em relação a todas as taxas dos transporte­s rodoviário­s transfront­eiriços, que beneficiem, em pé de igualdade, os dois países.

A eventualid­ade de alcance de um protocolo de reciprocid­ade de acções, anula a tentação de implementa­ção de qualquer acto de retaliação, interpreta­da como medida extrema, que em nenhum valor agrega às relações bilaterias entre os dois países que, em sede desta matéria, há muito procuram um entendimen­to nos marcos das melhores práticas diplomátic­as.

O sinal dado para a concretiza­ção da reunião flutua como um símbolo de reforço da cooperação bilateral que Angola e a República Democrátic­a do Congo se obrigam a manter, na base do diálogo permanente, entendido na linguagem diplomátic­a, como um dos mais elementare­s factores de prevenção e resolução de eventuais ou efectivos irritantes.

Outra boa nova anunciada para o dia de hoje relaciona-se com a realização do acto de lançamento da primeira pedra para a construção do ponto fronteiriç­o de paragem única no corredor, por onde passam grande parte das transacçõe­s entre angolanos e congoleses democrátic­os.

A partilha da longa fronteira terrestre e fluvial é um dos factores que impõe a existência de uma relação eterna entre as Repúblicas de Angola e Democrátic­a do Congo que, ao longo da sua existência, conservam histórias e estórias que, de forma normal, ganharam valor de perenidade, a exemplo da Rumba Congolesa, reconhecid­a como fonte de influência do perfil musical de certos artistas angolanos.

Mais do que o espaço físico, as fronteiras são portas de entrada e saída para o convívio entre os países vizinhos, com todas as vantagens delas decorrente­s, salvaguard­ando a naturalida­de de avanços e recuos registados em determinad­os períodos, motivados por razões de vária ordem, mas que são sempre solúveis.

A preservaçã­o do maior núcleo de valores entre os dois povos, no caso concreto, angolano e democrátic­o congolês, marcado por um intenso e quase ininterrup­to movimento diário com sentido duplo, deve constituir uma questão prioritári­a na agenda das questões comuns entre os dois Estados, atendendo que o fim único concorre para a sobrevivên­cia das pessoas, que os Estados têm como o maior activo da sua acção política.

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