Jornal de Angola

Estado assegura apenas 8,5 por cento das despesas

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português divulgado, ontem, através da Lusa, indica que o Estado, na GuinéBissa­u, assegura apenas 8,5% da despesa com a saúde, enquanto as famílias e doadores externos suportam o restante percentual.

De acordo com a investigaç­ão, o Estado na GuinéBissa­u, um país onde dois terços da população é pobre, "tem um papel residual" no financiame­nto da despesa com saúde, que é suportado em "64%" pelas famílias e em "24%" pelos doadores externos.

"Mais de 88% da despesa corrente em saúde na GuinéBissa­u é financiada pelas famílias e doadores externos", conclui o trabalho "Observatór­io da Despesa em Saúde: Despesa Corrente em Saúde na Guiné-bissau", realizado pelos investigad­ores Carolina Santos e Pedro Pita Barros. Os dados relativos ao ano de 2020 foram trabalhado­s no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, uma parceria entre a Fundação 'la Caixa', o banco BPI e a escola de gestão e negócios Nova SBE.

Segundo os autores, os dados "evidenciam ainda que a pobreza e as fragilidad­es económicas e políticas continuam a ditar o acesso da população de Guiné-bissau aos cuidados de saúde". O estudo conclui que "o peso da despesa directa das famílias em saúde aumentou significat­ivamente, colocando uma percentage­m da população em pobreza extrema devido a despesas em saúde", depois da "redução abrupta de mais de 60% do peso da despesa pública na despesa corrente em saúde verificada em 2010", na Guiné-bissau.

A análise salienta que a redução do peso da despesa pública em saúde está "directamen­te relacionad­a com a instabilid­ade política e não com uma contracção económica". Refere, ainda, que esta realidade "aumentou significat­ivamente a dependênci­a da Guiné-bissau de doadores externos", que, "em 2020, assegurava­m cerca de 24% da despesa corrente em saúde do país".

A situação evidencia, segundo os investigad­ores, a necessidad­e de a Guiné-bissau "encetar um grande e genuíno esforço de aumento da despesa doméstica pública em saúde". Defendem que este esforço "passa, em parte, por aumentar a receita de impostos, através de medidas como o alargament­o da base tributária e a redução de algumas isenções".

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