Olho nato para as artes plásticas
Nascido no dia 13 de Maio de 1958, na vila de Sanza-pombo, na província do Uíge, Álvaro Macieira é jornalista, escritor e consultor cultural.
É membro da União dos Escritores Angolanos (UEA) e da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP). Publicou os l i vros “Castro Soromenho: Cinco Depoimentos”, “Cantos de Amor” e “Séculos de Amor”. Porém, é como artista plástico que veio a ganhar fama nacional e internacional. Revelou a sua faceta nas artes plásticas em 1998. “De um início de carreira i ncompreendido por alguns, Álvaro Macieira é actualmente um dos artistas plásticos mais acutilantes no panorama angolano.
A sua frenética produção rompeu barreiras e preconceitos e hoje recebe o merecido reconhecimento da crítica, do grande público e essencialmente dos coleccionadores”, escreveu o artista plástico Benjamim Saby. O artista plástico Francisco VanDúnem “VAN” analisa, num texto de 2009, que “Álvaro Macieira é um pintor raro como é a sua pintura, cheia de sugestões e de combinações, que de imediato irrompeu do Jornalismo para as artes plásticas nos anos 1990, a estrela se deslocando de um ponto da galáxia para o outro”.
Em 2002 ganhou o prémio Ensa-arte. As obras do artista foram exibidas em várias capitais do mundo, com destaque para Washington, Paris, Moscovo, Berlim, Hanôver e Abuja.com o artista plástico alemão Horst Pope e o angolano Augusto Ferreira fundam, em 2004, o projecto internacional Conexão Cultural. Em oito anos de intercâmbio e diálogo artístico, na Alemanha e em Luanda, com o artista alemão fez várias exposições e pinturas e 108 obras de pequenas e grandes dimensões.
Macieira recordou como o Kinamuta era um espaço frequentado por vários jovens artistas da cena cultural de Luanda, como Benjamim Saby, Lino Damião, Fineza Teta, Erika Jamece e outros. Também frequentavam músicos, como Carlos Lamartine, Maranax e Mamborró. Detal hou que a relação com o artista alemão Horst Pope começa no Kinamuta, garantindo- l he muita projecção naquele país europeu.
Volvidos mais de 30 anos desde a decisão de abraçar as artes plásticas, Álvaro Macieira é peremptório ao enfatizar que “sempre gostou de arte”.
A sua antiga galeria, baptizada por “Kinamuta/mutakina” veio a ser um espaço físico significativamente importante na sua relação com os artistas e na sua disposição como produtor e, despretensiosamente, coleccionador, a faceta que agora é tornada pública.
“No final dos anos 1990 e princípios de 2000, eu vivia no Kinamuta, o atelier que ficava num dos prédios da Avenida de Portugal, sentido KinaxixiMutamba, derivando daí o nome”, explicou. A exposição celebra não apenas o seu “olho nato” para as artes plásticas, como também toda a cumplicidade de sonhos partilhados e vividos a cada pincelada naquele espaço, palco de ensinamento e de início de carreira para muitos jovens artistas da cena cultural angolana.
“Por exemplo, a minha obra Clamor pela Paz foi pintada em 2001, no terraço do prédio. Enquanto eu pintava, recebo uma visita do crítico Adriano Mixinge, que manifestou a vontade de levar a peça a Paris. E assim fez. Em 2002 tivemos paz. Hoje a peça está no nosso Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro”, recordou.
Para lá do culto ao belo, da invocação à fecundidade e pluralidade de estilos, aponta como grande objectivo mostrar a união entre os artistas.
Porém, a exposição da colecção de Álvaro Macieira encerra um fim maior, respectivamente manifestar o contributo dos artistas na consolidação dos 50 anos da Independência Nacional, a ser assinalado no próximo ano.
Álvaro Macieira também traz a público este quinhão da sua colecção particular com o propósito de suscitar um debate sobre a importância de um Museu de Arte Contemporânea, uma estrutura ainda em falta no cenário artístico nacional.
“A colecção foi acontecendo espontaneamente. Nunca teve um plano como tal, foi mero amor pelas artes”, justificou.