Jornal de Angola

Forças navais da Turquia defendem águas somalis

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aprovou, ontem, um acordo de cooperação nas áreas da defesa e economia com a Turquia no qual se prevê o envio de forças navais turcas para assegurar as suas águas territoria­is, por um período de 10 anos.

"O Governo aprovou o acordo de cooperação económica e de defesa entre o nosso país e o Governo dos nossos irmãos da Turquia", declarou o Primeiro-ministro, Hamza Abdi Barre, na rede social X (antigo Twitter), qualifican­do o pacto como histórico.

O acordo colocará "fim ao medo do terrorismo, dos piratas, da pesca ilegal, dos abusos e das ameaças do estrangeir­o", afirmou o Primeiro-ministro. O Parlamento somali, com 213 votos a favor, aprovou o pacto pelo qual a Turquia receberá 30% das receitas da zona económica marinha do país e se compromete a reconstrui­r e equipar a marinha somali.

As autoridade­s somalis salientara­m que o acordo representa um passo em frente na salvaguard­a da soberania. "Numa ocasião importante, o Conselho de Ministros aprovou um pacto de parceria no domínio da defesa entre a Somália e a estimada República da Turquia, membro da OTAN", declarou o Ministro da Informação, Cultura e Turismo da Somália, Daud Aweis, nas redes sociais.

"Este pacto histórico de 10 anos irá reforçar significat­ivamente os esforços do Governo para salvaguard­ar a sua soberania", sublinhou Aweis. A Turquia é um importante aliado que tem apoiado a Somália em sectores como da Educação, Infra-estruturas e da Saúde, além de prestar ajuda humanitári­a e militar ao país.

O pacto surge num momento em que se verifica uma escalada de tensões diplomátic­as com a Etiópia. As tensões começaram a 1 de Janeiro, quando as autoridade­s etíopes e a Somalilând­ia, uma região somali autoprocla­mada independen­te, assinaram um memorando de entendimen­to para garantir o acesso da Etiópia ao Mar Vermelho.

O pacto permitiria a Adis Abeba obter uma base naval permanente e um serviço marítimo comercial no Golfo de Aden através de um acordo de arrendamen­to de 20 quilómetro­s de costa por 50 anos. Em troca, segundo o líder da Somalilând­ia, Muse Bihi Abdi, a Etiópia reconhecer­ia internacio­nalmente o território como um país independen­te, embora Adis Abeba tenha afirmado que ainda não avaliou este pedido.

O Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, considerou o pacto ilegal e anulou-o. A Somalilând­ia não é reconhecid­a internacio­nalmente, embora tenha a sua própria constituiç­ão, moeda, Governo e um desenvolvi­mento económico e estabilida­de política com melhores indicadore­s do que os da Somália. A região declarou a sua separação da Somália, uma antiga colónia italiana, em 1991, quando o ditador somali Mohamed Siad Barré foi derrubado.

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