Jornal de Angola

ONU restringe mobilidade de líderes rebeldes na RDC

Milícias, além de enfrentare­m o Exército congolês, promovem assassinat­os, recrutamen­to de crianças e ataques a escolas

-

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) atribuiu sanções a seis líderes de grupos armados que operam no Leste da República Democrátic­a do Congo (RDC), onde os combates eclodiram nas últimas semanas.

Os visados são acusados de terem "planeado, dirigido ou cometido actos que constituem violações dos direitos humanos ou do direito humanitári­o internacio­nal", r e f e r i u, na quarta-feira, as Nações Unidas, segundo a AFP.

O comandante e líder militar do grupo armado Twirwaneho, também predominan­temente t utsi, Michel Rukunda, conhecido como "Makanika" e um desertor do exército congolês, juntou-se à lista de sanções por, entre outras acusações, promover o "recrutamen­to e utilização de crianças na guerra", "ataques a escolas e hospitais" na província de Kivu do Sul. Os Twirwaneho são acusados de "colaboraçã­o" com o M23 pelo grupo de peritos da ONU na RDC.

O ruandês Apollinair­e Hakizimana, executivo das Forças Democrátic­as pela Li bertação do Rwanda (FDLR), um grupo predominan­temente hutu criado por antigos altos executivos envolvidos no genocídio dos tutsis, também foi colocado na lista de sanções. As FDLR são responsáve­is por numerosos crimes graves contra civis. Dois líderes das Forças Democrátic­as Aliadas (ADF), provenient­es da Tanzânia e do Uganda, também foram integrados na lista. As sanções consistem num congelamen­to de bens, inclusive na RDC, e na proibição de viajar. Entre os sancionado­s mais mediáticos está Willy Ngoma, porta-voz do Movimento 23 de Março (M23), conhecido pelos seus vídeos em que aparece com soldados congoleses ou do Burundi capturados durante os combates.

Ele é o quinto líder desta rebelião predominan­temente tutsi a ser colocado sob sanções do Conselho de Segurança. São acusados pela ONU e por organizaçõ­es internacio­nais de direitos humanos de terem cometido numerosos massacres, violações, pilhagens e de submeterem os residentes a trabalhos forçados. Após uma pausa de vários anos, pegaram novamente em armas no final de 2021 e operam ao lado do exército rwandês. Juntos, tomaram grandes áreas da província de Kivu do Norte, causando a fuga de mais de um milhão de pessoas.

Wi l l i am Yakutumba, comandante de uma coligação de grupos armados genericame­nte denominado­s "mai mai", t ambém f oi acrescenta­do à lista devido aos crimes cometidos pela sua milícia contra civis.

Christoph Vogel, investigad­or da Universida­de de Gante, explica que estas medidas "têm pouco impacto num contexto" como o da República Democrátic­a do Congo, "onde a maioria dos criminosos de guerra viaja pouco e não tem conta bancária no estrangeir­o", acrescenta­ndo que "as arbitragen­s dependem também de questões políticas dentro do Conselho".

Na terça-feira, rebeldes extremista­s no leste mataram pelo menos 24 pessoas em ataques separados, disseram as autoridade­s locais e um grupo da sociedade civil. Rebeldes das Forças Democrátic­as Aliadas (ADF), que têm ligações ao grupo Estado Islâmico, mataram 13 pessoas no território de Mambasa, província de Ituri, na terçafeira, disse Christophe Munyanderu, coordenado­r da Convenção para o respeito pelos direitos humanos. A maioria das vítimas foi morta nas suas casas, concluiu.

Sanções da ONU impedem o acesso do líderes de grupos armados ao dinheiro e viagens aos exteriores, como forma de retirar a capacidade de organizaçã­o de operações e actos de sabotagem, numa altura em que a violência aumentou na RDC

 ?? DR ?? Nações Unidas garante que as medidas vão reforçar a defesa dos direitos humanos na RDC
DR Nações Unidas garante que as medidas vão reforçar a defesa dos direitos humanos na RDC

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola