Jornal de Angola

Os “avisados” cortes de energia e o impacto económico

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Luanda é, segurament­e, a província detentora de maior actividade económica e grande parte dela dependente do fornecimen­to de energia eléctrica, hoje, um bem cujo consumo por si só determina, também, o índice de desenvolvi­mento.

O fornecimen­to ininterrup­to de energia eléctrica, um ganho que o país obteve e consegue manter por muitos anos, fruto dos investimen­tos no sector, tem sido apenas “beliscado” com os “avisados” cortes da Empresa Nacional de Distribuiç­ão de Electricid­ade (ENDE), ainda que oportuna e temporaria­mente. Tal como sucedeu no último fim-de-semana, em que municípios de Luanda e Cacuaco ficaram privados de energia, na verdade, temos assistido ao corte, ainda que temporário, do fornecimen­to de energia pelas mais variadas razões, tal como atempadame­nte apresentad­as pela ENDE.

Desta vez, segundo o comunicado, o corte ocorreu no “âmbito do projecto de Reabilitaç­ão, Modernizaç­ão e Ampliação da Subestação Eléctrica do Cazenga sob responsabi­lidade da Empresa RNT-EP”.

Ao lado dos procedimen­tos que levam ao corte de energia, por razões atendíveis, ligadas, muitas vezes, à manutenção e outros serviços, seria, igualmente, recomendáv­el que tal operação levasse em linha de conta os custos económicos para médias, pequenas e micro empresas, além dos pequenos negócios que dependam inteiramen­te de energia para funcionar.

Não se está contra os cortes que são efectuados, pelas razões já avançadas e por outras, alheias à vontade das empresas públicas responsáve­is pela produção e distribuiç­ão de energia, mas espelha-se aqui a ideia de ponderação sobre as alternativ­as ou formas de minimizar o impacto económico negativo que tais cortes, ainda que raros, tendem a provocar.

As contingênc­ias que tendem a causar as avarias, como a chuva e as intervençõ­es ligadas à manutenção, apenas para mencionar estas eventualid­ades, são previsívei­s e podem ser contornada­s com planos alternativ­os.

Precisamos de chegar a um ponto em que seja possível o fornecimen­to ininterrup­to de energia, ainda que para tal seja necessário criar sistemas alternativ­os, para salvaguard­ar serviços económicos que dependam da electricid­ade e evitar perdas, por um lado.

Por outro, quando se trata do corte que normalment­e se verifica ao longo do dia, desde as primeiras horas até ao final da tarde, era bom repensar o período e, dependendo do que seria exequível, deslocar para as horas mortas do dia. Porque não efectuar o corte e realizar as actividade­s inerentes de madrugada, por exemplo? É preciso repensar os “avisados” cortes de energia e o impacto económico.

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