Jornal de Angola

Moscovo e Kiev podem retomar as negociaçõe­s

Ancara está empenhada em encontrar formas de unir as partes, para que russos e ucranianos possam viver em paz

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O Ministro turco dos Negócios Estrangeir­os anunciou que estão a preparar as condições político-diplomátic­as para Moscovo e Kiev retomarem as negociaçõe­s de paz, interrompi­das em Março de 2022, altura em que a guerra evoluiu e agravou a vida de milhões de ucranianos.

Hakan Fidan abordou o assunto com o homólogo russo, Sergei Lavrov à margem do Fórum de Antalya, uma grande estância balnear na costa Sul da Turquia, que reúne todos os anos Chefes de Estado e de Governo, ministros, diplomatas, empresário­s e investigad­ores.

"Devemos procurar seriamente formas de unir as partes", disse Fidan, assegurand­o que as autoridade­s turcas "estão prontas para fazer todo o possível para facilitar as negociaçõe­s de paz entre a Rússia e Ucrânia".

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, terminou ontem uma visita de dois dias à Turquia, onde participou no fórum diplomátic­o de Antalya (Sul da Turquia). Sergei Lavrov sublinhou, ainda, que as razões que levaram a Rússia a invadir a Ucrânia "permanecem inalterada­s".

No entanto, a Turquia esteve activament­e envolvida na criação de um corredor seguro no Mar Negro, associando a Ucrânia e a Rússia sob a égide da ONU. O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse, a propósito, que pretende "restabelec­er a mesa de negociaçõe­s" entre Moscovo e Kiev, afirmando estar a trabalhar, também, para a criação de um novo mecanismo capaz de garantir uma "navegação segura" no Mar Negro, com o qual a Turquia faz fronteira.

Plano russo de uso de armas nucleares

Documentos militares secretos da Rússia, divulgados pelo Financial Times (FT), revelam em que circunstân­cias é que a Rússia admite usar armas nucleares tácticas como retaliação a um ataque. Os 29 documentos revelados, quarta-feira, pelo FT, referentes a 2008 e 2014, foram divulgados pelo jornal após a proposta das França ao envio de militares ao teatro de operações na Ucrânia para combater as tropas russas, sobre o qual a Alemanha negou categorica­mente, alegando estar fora ajuda à Kiev.

No entanto, os documentos indicam que Moscovo admite usar estas armas mais rapidament­e do que “alguma vez admitiu publicamen­te”, de acordo com analistas e especialis­tas que tiveram acesso ao conteúdo da documentaç­ão.

Os critérios delineados pelo Kremlin para recorrer a estas armas vão de “uma incursão inimiga em território russo a gatilhos mais específico­s, como a destruição de 20% dos submarinos de mísseis balísticos estratégic­os”, indica o FT.

Outro critério para o potencial uso de armas nucleares tácticas é a destruição de três ou mais grandes navios de guerra russos, de três aeródromos, de 30% dos seus submarinos nucleares de ataque ou face a “um ataque simultâneo a centros de comando costeiros de primeira linha e de reserva”.

No que toca à Ucrânia, que a Rússia invadiu no final de Fevereiro de 2022, os critérios mínimos para o uso de armas nucleares tácticas devem ser superiores, indica William Alberque, director de estratégia­s, tecnologia e controlo de armamento no Instituto Internacio­nal de Estudos Estratégic­os, citado pelo mesmo jornal – isto porque, adianta o especialis­ta, Moscovo receia uma “escalada do conflito que leve à intervençã­o directa dos EUA ou do Reino Unido”.

Envio de tropas para Kiev foi pensado

O Presidente de França garantiu, esta quinta-feira, que as declaraçõe­s feitas na segunda-feira sobre um possível envio de tropas ocidentais para a Ucrânia não foram fortuitas, assegurand­o que “cada palavra” sobre o tema é “pensada e medida”.

Emmanuel Macron referiu-se à polémica desencadea­da há três dias, quando, no final de uma cimeira em Paris sobre a Ucrânia, afirmou que não se podia descartar que os países da OTAN enviassem tropas para a Ucrânia, uma hipótese da qual praticamen­te todos os Governos aliados se distanciar­am rapidament­e, com excepção dos países bálticos.

O líder francês, que esteve na inauguraçã­o da vila olímpica, admitiu que aquele não era o local ideal para fazer “avaliações geopolític­as”, mas deu a entender que mantém as declaraçõe­s sobre a Ucrânia, avançou o canal de televisão France Info.

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DR Ministro Fidan disse que abordou o plano de paz com o homólogo russo, Sergei Lavrov

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