ACNUR só tem 5% da verba necessária
O alto- comissário das Nações Unidas para os Refugiados disse, ontem, que só garantiu 5% dos 400 milhões de dólares necessários para responder à crise de deslocados provocados pelos ataques terroristas e desastres naturais no Norte de Moçambique. “Infelizmente, não está bem financiado”, admitiu Filippo Grandi, citado pela Lusa em declarações aos jornalistas em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, após visitar campos de reassentamento de populações deslocadas, em fuga dos últimos ataques terroristas, reforçando o apelo ao apoio internacional.
O líder do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ( ACNUR) avançou que os ataques terroristas na província, desde 2017, já provocaram cerca de 1,3 milhões de deslocados e que 780 mil pessoas permanecem fora das aldeias de origem, apesar de 600 mil já terem regressado. Só as últimas vagas de ataques terroristas em Cabo Delgado, segundo as organizações das Nações Unidas, provocaram 100 mil deslocados no mês de Fevereiro.
O alto-comissário admitiu que conflitos mais mediáticos que ocorrem noutros locais condicionam a canalização de verbas para o plano de apoio a Cabo Delgado, em 2024, que envolve “esforços conjuntos” com outras agências. “Infelizmente, a situação de Moçambique talvez não seja a mais visível”, apontou Grandi, numa conferência de imprensa conjunta com o conselheiro especial do Secretário-geral das Nações Unidas para Soluções às Pessoas Deslocadas Internamente, Robert Pipe, e a presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) de Moçambique, Luísa Celma, que marcou o fim da visita a Cabo Delgado.