Jornal de Angola

Mulheres homenageia­m vítimas de conflitos no Leste

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Milhares de mulheres congolesas vestiram-se, ontem, de preto para assinalar o Dia Internacio­nal da Mulher, que é habitualme­nte um dia festivo e colorido, em forma de luto pelas vítimas dos conflitos no Leste do país.

"Nós, as mulheres da República Democrátic­a do Congo, recusamos a guerra, a violação e a pilhagem dos nossos recursos", proclamava­m em cartazes que exibiam, enquanto marchavam pelas ruas de Bukavu, a capital do Kivu do Sul, uma das províncias orientais devastadas por décadas de violência armada.

"Estamos vestidas de preto e marchamos para expressar a nossa raiva, a nossa consternaç­ão", disse uma activista dos direitos das mulheres, Jeannine Kabyahura, na província de Ituri.

"Muitas mulheres são mortas em Ituri. Só em 2024, 68 já foram mortas por grupos armados no território de Djugu e Irumu", afirmou Kabyuhara.

O Kivu do Norte tem sido palco de vários conflitos armados, nomeadamen­te da rebelião do M23 (Movimento 23 de Março) que, alegadamen­te com o apoio do vizinho Rwanda, se apoderou de vastas extensões de território nos últimos dois anos, provocando deslocaçõe­s da população.

"Nós dormimos nas nossas casas, mas os nossos compatriot­as do Kivu do Norte passam a noite fora", declarou a chefe da divisão provincial de Género, Mulheres e Família, Jacqueline Ngengele, na manifestaç­ão de Bukavu, antes da leitura de um memorando apresentad­o ao gabinete do governador.

Neste documento, as mulheres do Kivu do Sul apelam à comunidade internacio­nal para que "imponha sanções aos países agressores e aos senhores da guerra", às instâncias regionais para que "envolvam activament­e as mulheres nos diversos quadros, iniciativa­s e processos de paz" e ao Governo da República Democrátic­a do Congo, que faz fronteira com Angola, para que "restabeleç­a a autoridade do Estado em todo o país".

Não houve marcha em Goma, mas foi organizada uma conferênci­a num grande hotel da cidade, na qual participou a ministra de Género, Mireille Masangu, que também expressou a esperança de que as mulheres se envolvam "na procura da paz".

No mês passado, a ministra apelou às mulheres congolesas que se vestissem de preto no dia 8 de Março, apesar de, normalment­e, usarem trajes coloridos neste dia.

Segundo a ministra, esta é uma forma de "partilhar a dor" das vítimas do conflito.

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