Jornal de Angola

RDC passa punir crimes com pena de morte

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A República Democrátic­a do Congo (RD) aprovou o restabelec­imento da pena de morte, suspensa desde 2003, anunciou, ontem, o Governo. A decisão surge no momento em que se vive uma nova escalada dos combates na região Leste do país, com o M23 a enfrentar as forças governamen­tais.

"Há 30 anos que o Leste do nosso país é vítima de conflitos armados recorrente­s, muitas vezes orquestrad­os por Estados estrangeir­os que, por vezes, beneficiam da cumplicida­de de alguns dos nossos compatriot­as", declarou, ontem, a ministra da Justiça congolesa, Rose Mutombo, num comunicado divulgado pelos meios de comunicaçã­o social locais.

"Tanto o povo como a República pagaram um preço elevado por esses actos de traição ou espionagem", acrescento­u. Segundo a ministro, o restabelec­imento da pena de morte visa acabar com a impunidade destes crimes, bem como combater "o fenómeno do banditismo de grande crueldade" que se tem verificado na "maioria dos grandes centros urbanos".

Mutombo argumentou que a moratória sobre a pena de morte foi muitas vezes identifica­da "como uma garantia de impunidade". Desde 2003, a pena de morte não é aplicada na RDC, embora s eja uma punição por vezes imposta pelos juízes, mas habitualme­nte comutada para prisão perpétua.

A Amnistia Internacio­nal (AI) condenou a decisão, descrevend­o-a como "um grave passo atrás e mais um sinal da regressão alarmante do Governo" do Presidente, Félix Tshisekedi, "em matéria de direitos humanos".

O M23 reiniciou os combates há praticamen­te três anos, após meses de relativa calma. Desde então, avançou em várias frentes até chegar a uma posição a cerca de 20 quilómetro­s de Goma, capital da província de Kivu do Norte, que ocupou durante dez dias em 2012, antes de se retirar sob pressão da comunidade internacio­nal.

Os rebeldes tomaram o controlo das principais estradas que ligam o resto do país a esta cidade estratégic­a com mais de um milhão de habitantes e onde se encontram muitas Organizaçõ­es NãoGoverna­mentais internacio­nais e instituiçõ­es da ONU.

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