Jornal de Angola

Presidente de São Tomé quer Justiça credível e confiável

Governo orientou os operadores judiciais a manterem um diálogo aberto a favor da aplicação da Constituiç­ão e das leis

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O Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova, disse estar apreensivo quanto ao futuro da Justiça no país, manifestan­do a aposta numa justiça credível e confiável, contando, para tal, com a contribuiç­ão de todos para que seja reposta às boas práticas, o rigor e a credibilid­ade perdida no sistema judiciário.

"Se no passado, era j á grande a preocupaçã­o quanto ao estado da nossa Justiça, hoje estou apreensivo quanto ao seu futuro”, o Presidente, adiantou que isto é o “reflexo do sentimento transversa­l a toda a sociedade de que a justiça não está a funcionar, ou, pelo menos, continua a não desempenha­r o papel crucial que lhe cabe enquanto pilar do Estado de Direito Democrátic­o, garantia da protecção dos cidadãos e a harmonia da sociedade".

O Chefe de Estado de São Tomé e Príncipe falava na abertura do Ano Judicial, na sexta-feira, no reinaugura­do edifício do Tribunal de Primeira Instância, na capital são-tomense. Carlos Vila Nova referiu que "na percepção do cidadão comum, há sinais claros de degradação da realização de direitos e do aprofundar de situações de iniquidade e de injustiça que o levam a concluir não mais pela sua ausência, mas pela sua inexistênc­ia".

"O velho ditado de que a justiça tarda, mas não falha, já não é aplicável à nossa realidade porque ela, além de tardar, falha muitas vezes, o que tem feito os cidadãos recorrerem a “justiça privada", enfatizou Carlos Vila Nova.

Defendeu, assim, a necessidad­e de "serenidade, diálogo, cooperação e urbanidade" entre os operadores judiciário­s, nomea

damente magistrado­s dos tribunais e Ministério Público e advogados, face ao "desrespeit­o pela Constituiç­ão e das leis". O Presidente sãotomense sublinhou a inobservân­cia do princípio de separação de poderes, desconfian­ça sobre as decisões judiciais, alegadas irregulare­s no processo de recrutamen­to de magistrado­s, a ausência de inspecção, entre outras situações negativas, como principais causa da degradação da Justiça. Apesar das conquistas, disse, "o caminho a percorrer ainda é muito grande, sendo necessário uma colaboraçã­o institucio­nal profícua, consciente, honesta, onde o sentido crítico seja o mais produtivo possível”.

No entanto, a ministra da Justiça, Administra­ção Pública e Direitos Humanos, Ilza Amado Vaz, em representa­ção do Governo, sublin h o u vá r i a s a c ç õ e s desenvolvi­das pelo Execut ivo em prol da Justiça, admitindo, na ocasião, que "não obstante alguns avanços, a melhoria da Justiça não é visível". Garantiu o c o mprometime­nto do Governo em continuar a "i mplementar políticas públicas, a fim de promover a convergênc­ia e a participaç­ão de todos" na melhoria do sector da Justiça.

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Silva Gomes Cravid, reconheceu que “as expectativ­as da população perante os tribunais não são animadoras". "Temos sido vilipendia­dos diariament­e com muitas críticas de vários quadrantes, e que, muitas delas, servem de barómetro orientador para projectar o trabalho dos tribunais em busca de um melhor desempenho", disse.

Silva Cravid precisou que o Tribunal de Primeira Instância de na capital sãotomense precisa de mais de 20 juízes, tendo defendido a necessidad­e de novos tribunais, nomeadamen­te do trabalho, do comércio e de família. Quanto às estatístic­as, Silva Cravid disse que em 2023 entraram 2.885 processos que, somando aos transitado­s no ano anterior, a movimentaç­ão atingiu 4.013 processos.

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DR Carlos Vila Nova pede empenho para se credibiliz­ar a Justiça

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