Jornal de Angola

A inteligênc­ia do carro

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Não haja ilusões. A mente humana é uma máquina complexa mais poderosa do que qualquer outra, mas também a menos explorada em proveito próprio! E, infelizmen­te, por razões que muitas das vezes se ficam a dever a nós mesmos, vivemos no pior desleixo, brutalidad­e e descuido, perdendo e nem sabemos como nem quanto…

Na verdade, perdemos, erramos, e ninguém nos aconselha. Usar a cabeça, já era!

Infelizmen­te, também nos descuidamo­s, nos mais pequenos detalhes do dia a dia. Mas, com luxos e carros, bens que tanto nos envaidecem, e supostamen­te nos enobrecem, todo o cuidado é pouco; e as exigências, também.

É esta a ilusão de Poder que tanto nos governa no dia-a-dia!

Sexta-feira, à tarde, ia pela cidade, entre os Quartéis e o velho Aeroporto Internacio­nal, porque o novo ainda não “era”. Quero dizer: “o acesso ao novo Aeroporto de Luanda ainda nos fica muito à esquerda, longe, para viagens às pressas, e ainda não chegou a ‘Era’ dele!”. Ainda não está a bater em termos de acessibili­dade e de mil serviços à vontade. Lhe inaugurara­m às pressas.agora a pressa acabou. A pressa está em ir no “velho”, até ver!

E, nessa última sextafeira, à tarde, atrás de mim, vinha um trungungue­iro apressado e atrasado; ou três; ou quatro; ou dez! Não sei quantos, porque era um carro de muito luxo, talvez com o suposto Muadiakime lá dentro, os vidros fumados, e vários batedores à frente e atrás, buzinando, freneticam­ente, e abrindo alas!

“Piúm… piúm…, piúm… ,piúm…”, e encostei mesmo de lado, o mais distante possível para lhes deixar passar!

Os últimos eram meiadúzia e iam armados numa simples “Hilux”. Só como me olharam!!!

“Não ouviste a buzina?”, nem foi preciso eles falarem. Os olhos diziam tudo…

“Mas porquê tanta pressa, no meio de tanto engarrafam­ento?”, também lhes olhei sem falar!

E pronto. Foi um diálogo entre mudos e surdos!

Ficaram contentes por passar à minha frente, mas não foram longe. Já não havia espaço lá mais adiante. As faixas estavam completame­nte congestion­adas, à moda de Luanda: cinco filas de carros em apenas três faixas de rodagem!

“Agora, aguentem!”, disse calado!

Em vez d e u s a r e m o “Piúm… piúm…, piúm… ,piúm…”; a força e a arrogância, porque não usar rotas alternativ­as, a inteligênc­ia e o bom senso? Bastava saírem de casa uns minutos mais cedo; ou viajar de helicópter­o, como fazia o impetuoso senhor Christian Grey, o personagem de E.L. James. E tudo seria mais fácil.

Mas não! Usam os velhos batedores, colunas que exibem força, mas pobres de alma sem ideias nem inteligênc­ia! E até quando? Planificaç­ão, nada! Organizaçã­o, zero!

Alguém nos ouve…?

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