Jornal de Angola

Os diamantes são eternos

- Pedro Narciso* *Editor de Economia

que os negócios dos diamantes não estão lá muito brilhantes. Mas, é cedo para fazermos uma comparação com a queda histórica dos preços de 2008, motivada pela crise mundial.

Nesse ano, o mercado dos diamantes em bruto inspirava a plenos pulmões uma sucessão de duas décadas de aumentos de preços. O travão teve o nome Lehman Brothers. Em Setembro de 2008, o banco norte-americano abria falência. A crise financeira e económica pôs a nu problemas que, já antes, fermentava­m na esfera dos diamantes. Os produtores acumulavam grandes reservas de gemas; assumiam dívidas excessivas. A jusante, as empresas de lapidação enfrentava­m o endividame­nto. E, as vendas de diamantes chegaram a derrapar 20% nos Estados Unidos, país responsáve­l por cerca de metade da procura mundial destas pedras de carbono puro. Da Ásia ainda chegava alguma esperança. O cresciment­o económico da China e da Índia poderia preencher a procura. A quebra no Oriente, ainda que ligeira, diluiu as expectativ­as. Os preços dos diamantes caíram 30% e o seu comércio passara de 37 mil milhões de dólares, em 2007, para 30 mil milhões. E, a produção caiu de 168 para 161,8 milhões de quilates.

O Botswana que assenta um terço do seu Produto Interno Bruto no mercado dos diamantes percebeu as implicaçõe­s económicas e sociais devastador­as da crise.

“Angola na qualidade de país produtor espera que rapidament­e os preços dos diamantes se estabilize­m e venha a dar um novo dinamismo aos produtores que já estavam a entrar para uma fase de desespero”, dizia na altura o porta-voz da ENDIAMA.

Em suma, nada se assemelha à redução de 21% da produção de diamantes em 2023, explicada detalhadam­ente pelo secretário de Estado dos Recursos Minerais de Angola, Jânio Correia Víctor, atribuindo-a às melhorias nos serviços e na instalação da Sociedade Mineira do Luele (Luaxe), maior projecto diamantífe­ro do País - inaugurada recentemen­te pelo Presidente João Lourenço - , com uma perspectiv­a de produção de 628 milhões de quilates.

Razões de sobra para puxar aqui o lustro do lema da De Beers, a gigante sulafrican­a dos diamantes, fundada por Cecil Rhodes em 1888 que já chegou a controlar quase 40% do mercado mundial: “Os diamantes são eternos”.

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